quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Villa-Lobos-Sinfonia nº02

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  • A Sinfonia Nº 2 foi iniciada por Villa-Lobos por volta de 1917, mas só foi concluída perto de 1943/44.

  • A estreia ocorreu em 6 de Maio de 1944, pela Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional, sob a batuta do próprio compositor. 

  • A primeira apresentação norte-americana aconteceu pouco mais de seis meses depois, em 26 de novembro de 1944, no Philharmonic Auditorium, em Los Angeles, pela Sinfônica Janssen de Los Angeles, dirigida por Villa-Lobos. 

  • A sinfonia integra um ciclo de cinco sinfonias compostas no estilo cíclico inspirado por Vincent d'Indy — ou seja, o primeiro tema geral reaparece ao longo dos movimentos, unificando a obra. 


Estrutura e linguagem musical

  • São quatro movimentos, com a forma tradicional de sinfonia: Allegro non troppo; Allegretto scherzando; Andante moderato; Allegro. 

  • O primeiro tema do primeiro movimento volta como tema cíclico nos outros movimentos — aparece em baixos ou madeiras, por exemplo. Isso dá à obra coesão e uma sensação de “unidade espiritual/expressiva”. 

  • No terceiro movimento (lento), há transição de tonalidade (de Si menor para Ré maior), o que marca uma transformação simbólica no percurso da sinfonia — algo quase “de escuridão para luz”.

  • O movimento final tem soluções harmónicas e modulantes arrojadas: a tonalidade dos temas principais está separada por um tritono, e a recapitulação realiza transposição por um pequeno intervalo, criando tensão tonal e incerteza antes da resolução final. 


Expressividade, estilo e significado

  • Apesar de ser estruturalmente dentro da tradição clássica/romântica — sinfonia, orquestra completa, formas de sonata/rondo — a Sinfonia 2 mostra já um estilo pessoal de Villa-Lobos, que mistura disciplina europeia com liberdade expressiva e harmonias modernas. ~

  • Diferentemente da sua 1ª sinfonia (e da 3ª e 4ª) — que têm programas literários explícitos — a 2ª não tem um “programa narrativo” formal divulgado. 

  • Mas há quem veja a obra como expressão do “estado de alma” do compositor na época: há um componente introspectivo e psicológico, não-literal, em que os temas, tonalidades e evoluções refletem sentimentos de ascensão, conflito, esperança — como se a música narrasse um caminho interior. 

Por que vale a pena ouvir

  • A sinfonia tem grande ambição: dura cerca de 50 minutos, sendo uma das mais longas de Villa-Lobos — permite mergulhar profundamente na imagética sonora do autor.

  • A construção cíclica dá sensação de unidade, de “viagem musical” — ideal para quem gosta de obras com coerência interna e desenvolvimento dramático.

  • Mistura técnica clássica com liberdade estética: é um bom exemplo de como Villa-Lobos dialoga com tradição e modernidade, sendo distinto do nacionalismo folclórico pelo qual às vezes se pensa nele — aqui temos universalidade + subjetividade.


 

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