segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

João Domingos Bontempo

João Domingos Bontempo nasceu em Lisboa, em 28 de Dezembro de 1775. Foi aluno primeiro de seu pai, Francisco Xavier Bontempo, músico da câmara real, e depois do seminário Patriarcal. Ainda antes dos catorze anos, foi admitido na Irmandade de Santa Cecília na qualidade de cantor da Bemposta.

Em 1804, dirigiu-se a Paris para tentar a sorte como pianista. Lá, publicou suas primeiras obras - uma sonata e dois concertos - que denotam a influência do estilo de Clementi.

Em 1810, salientou-se em público a sua Sinfonia n.º 1, que foi bem acolhida pela crítica. Ainda nesse mesmo ano, mudou-se para Londres, onde Clementi dava as suas obras mais recentes, entre as quais: Capriccio and god save the king Op. 8, as Grandes Sonatas para piano Op. 9 - a terceira com violino -, o Hino lusitano Op. 10 para piano, coro e orquestra, o Concerto para piano n.º 4 Op. 12, a Grande Fantasia para piano Op. 14, duas árias e uma ária popular com canções Op. 15, com piano e violino.


Em 1814, regressou a Portugal, onde, ao contrário do que esperava, só conseguiu apresentar-se em público numa festa diplomática em que representou a sua cantata O anúncio da paz. Desiludido, foi a Londres, onde publicou mais algumas obras, entre as quais, o Quinteto para piano Op. 16 e a Sinfonia n.º 1 Op. 11.

Nos finais de 1816 esteve do novo em Lisboa, onde viveu, com dificuldades durante os dois anos seguintes. Uma vez mais, deixou a pátria e fixou-se em Paris, onde publicou a Missa Requiem consagrada a Camões. Dado o êxito obtido pela partitura em Londres, foi para essa cidade e regressou a Portugal em 1820.

Em 1833 foi nomeado professor de música de D. Maria II e, em 1835, diretor do Conservatório, cargo que manteve até a morte -18 de agosto de 1842 - em virtude de problemas na bexiga.

Música religiosa: 2 missas, um Requiem, um Te Deum e várias composições religiosas; música de cena: uma ópera - Alexandre em Efeso, incompleta, 2 causas - Hino lusitano e A paz da Europa; música instrumental: sinfonias, vários concertos para piano, sonatas para piano, variações para soprano; música de câmara: vários quintetos e sextetos para piano. Escreveu também um Tratado de composição musical e um Tratado de harmonia e contraponto, incompleto.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

24 de Dezembro

  • Em 1453 morreu em Londres o compositor John Dunstable. Cantando Veni Sancte Spiritus por Linda Grace num concerto em 2008, com Alexandra Obradovich na flauta e Duncan Reid.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Dmitri Shostakovitch

Dimitri Shostakovitch nasceu em a São Petersburgo, 25 de setembro de 1906 e morreu em Moscovo em 1975, foi um compositor de música clássica russo, nascido na União Soviética

Embora tenha frequentemente trabalhado para o próprio governo soviético e seus líderes, como Josef Stalin, que lhr atribuíram por muitas vezes a função de escrever obras celebratórias, conseguiu criticar como poucos, utilizando-se apenas de sua música, a opressão stalinista e a atmosfera de terror que reinava na União Soviética.

Exactamente por isso sofreu diversas tentativas de censura, e continuou lutando pela independência da criação artística até o fim de sua vida.

Aos nove anos começou o aprendizado de piano com sua mãe, intérprete profissional deste instrumento.

Em 1919 ingressou no Conservatório de São Petersburgo (então Petrogrado), onde estuda piano com Leonid Nikolayev e composição com Maximilian Steinberg.

Os estudos de piano prolongaram-se até 1923 e os de composição até 1925. Em 1926, sua sinfonia nº1, peça de formatura da classe de composição, é bem recebida. Recebeu menção honorífica em piano no prestigioso Concurso Chopin de Varsóvia na edição de 1927.

Recebeu várias distinções
  • em 1954, de Artista do Povo da URSS e de Membro Honorário da Real Academia Sueca de Composição;
  • em 1956, a Medalha da Ordem de Lenin, além do Prêmio Lenin de Composição
  • em 1958 e 1966, e no mesmo ano de 1958 o título de Doutor honoris causa pela Universidade de Oxford e pela Universidade de Dublin, em 1968.
  • Em 1966 a medalha de ouro da Real Sociedade Filarmónica de Londres.
  • Em 1948 viajou para os Estados Unidos como delegado soviético na Conferência Mundial da Paz e pôde observar o sucesso que suas obras tinham no exterior, principalmente sua sinfonia nº 5.

Sua música costuma ser bastante envolvente, com forte uso de temas militares, comuns à época em que viveu (comunismo, Segunda Guerra Mundial, entre outros). Além disso,ao compor quinze sinfonias, foi um dos maiores sinfonistas do século XX.

Também escreveu uma suite para orquestra de jazz, dois concertos para piano e orquestra, concertos para violino e violoncelo e diversos quartetos de cordas, além de duas óperas e obras para piano solo.

Em finais da década de 1920 o clima cultural da União Soviética caracterizava-se por uma relativa liberdade. No campo musical, isso significava a possibilidade de conhecer as obras de músicos que, como Stravinsky ou Schönberg, estavam a realizar experiências muito importantes na linguagem musical.

Por exemplo, Bartók e Hindemith conseguiram visitar a URSS e apresentar suas próprias obras. Shostakovitch absorveu estas várias influências e integrou-as nas suas várias composições.

Como resultado desta investigação na linguagem musical, compôs em 1928 a ópera "O Nariz", que motivou uma forte crítica por parte da Associação Proletária de Compositores Russos na qual esta obra era qualificada de burguesa.

Desta forma, os anos seguintes foram marcados pelo instável equilíbrio que Shostakovitch manteve entre as exigências da sua própria inspiração e as das autoridades culturais de seu país. Incapaz de obedecer completamente às prescrições do regime, o músico procurou integrar as sucessivas críticas provocadas por suas composições.

Em 1932 o jornal Pravda opinou sobre uma nova ópera, intitulada "Lady Macbeth do Distrito de Mzensk", as duas óperas criadas até aquela data, somadas à sua Sinfonia n. 4, foram censuradas e proibidas de serem apresentadas publicamente até 1937.

Durante a Segunda Guerra Mundial houve um abrandamento da censura e o compositor pode sentir uma brisa cultural na União Soviética. Após o fim da guerra as críticas foram retomadas e o compositor sofreu nova censura por sua Sinfonia n. 8 "Stalingrado". As críticas levaram o compositor a restringir suas aparições públicas até a morte do ditador Josef Stalin em 1953.

23 de Dezembro


Leonel Power



Leonel Power (1370-1385 - 5 de Junho 1445) foi um compositor Inglês do início do Renascimento. Juntamente com John Dunstable, foi uma das figuras mais importantes da música do seu tempo


Muito pouco se sabe sobre a vida de Power. Documentos datados de 1340 cedo se referem a ele como nascido em Kent.

A referência mais antiga datada refere-o como instrutor para o coro da capela da casa de Thomas of Lancaster.

No dia 14 de maio entrou para a Fraternidade da Igreja de Cristo de Canterbury, onde certamente serviu como regente do coro da catedral.

Morreu em Canterbury em 5 de junho de 1445 e foi sepultado no dia seguinte

Enquanto em termos de produção foi ligeiramente inferior a Dunstaple a sua influência foi contudo semelhante.


terça-feira, 22 de dezembro de 2009

22 de Dezembro

  • Em 1808 Beethoven estreia a 6° Sinfonia em fa maior op.68 "Pastoral".
Dividida em cinco movimentos, tem por propósito descrever a sensação experimentada nos ambientes rurais. Beethoven insistia que essas obras não deveriam ser interpretadas como um "quadro sonoro", mas como uma expressão de sentimentos. É uma das mais conhecidas obras da fase romântica de Beethoven.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

15 de Dezembro

  • Em Rimsky-Korsakov estreia a suite sinfónica Scheherazade. Korsakov não gostou do enorme sucesso da obra, proibindo que fosse interpretada ou e que fosse utilizada em ballet, porém seu esforços não foram suficientes para conter o enorme sucesso da obra, que além da enorme quantidade de interpretações, tornou-se um dos ballet mais famosos da Rússia. Aqui a interpretação é da Moscow Symphony sob a direcção de Arthur Arnold, e como solista Elena Semenova no violino

  1. 1ªParte-. O Mar e o Navio de Simbad (largo e maestoso - lento - allegro non troppo - tranquilo)-(início)
  2. 1ªParte-. O Mar e o Navio de Simbad (largo e maestoso - lento - allegro non troppo - tranquilo)-(continuação)
  3. 2ªParte-(incluído no clip anterior)A História do Príncipe Kalender (lento - andantino - allegro molto - vivace scherzando/scherzo - moderato assai - allegro molto e animato)-(início)
  4. 2ªParte-A História do Príncipe Kalender (lento - andantino - allegro molto - vivace scherzando/scherzo - moderato assai - allegro molto e animato)-(continuação)
  5. 3ªParte-(incluído no clip anterior)-O Jovem príncipe e a princesa (andantino quasi allegretto)-(início)
  6. 3ªParte-O Jovem príncipe e a princesa (andantino quasi allegretto)-(continuação)
  7. 4ªParte-(incluído no clip anterior)Festa em Bagdá - Naufrágio do Barcos nas Rochas (allegro molto - lento - vivo - allegro non troppo e maestoso - lento - tempo como 1 )(início).
  8. 4ªParte-Festa em Bagdá - Naufrágio do Barcos nas Rochas (allegro molto - lento - vivo - allegro non troppo e maestoso - lento - tempo como 1 )( (continuação)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

14 de Dezembro

  • 1936 Samuel Barber estreia em Roma o seu String Quartet em si menor Op. 11.Interpretado pelo Quarteto Pro Arte. Aqui a interpretação é de Emilie Campanelli, Ellen Appleton, violinos; Andrew Tang, viola; Allan Hon, cello.

  1. 1ºMov.-Molto Allegro e Appassionato
  2. 2ºMov.-Adagio
  3. 3º.Mov.-Molto Adagio-Presto -(incluído no anterior)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

10 de Dezembro

  • Em 1896 Modeste Mussorgsky estreia no a opera Boris Godunov orquestrada por Rimsky-Korsakov.Great Hall do St. Petersburg Conservatory.

  • Mussorgsky escreveu uma primeira versão em 1869 dividida em quatro partes (sete cenas), mas foi recusada pelo Teatro Imperial. O teatro alegou falta de elementos básicos da trama de uma ópera como uma relação amorosa. O compositor revisou a obra e produziu uma versão em 1872, dividida em um prólogo e quatro actos (nove cenas).
  • Há duas versões orquestradas desta ópera: uma por Nikolai Rimsky-Korsakov e outra por Dmitri Shostakovich. Esta é mais interpretada na Europa Ocidental e na América, enquanto aquela é a mais interpretada na Rússia.
Para ouvir o prólogo desta ópera clicar >>>>>>>>>>>> aqui

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Darius Milhaud-Carnival d'Aix para piano e orquestra op 83b

  • Em 1926 Darius Milhaud estreia em Nova Iorque o seu Carnival d'Aix para piano e orquestra op 83b, com o compositor como solista
  1. 1ºParte-composto por
Le Corso 0:00
II. Tartaglia 1:20
III. Isabella 2:38
IV. Rosetta 4:02
V. Le bon et le mauvais tuteur 6:10
VI. Coviello 8:12

  1. 2ªParte-Composto por
VII.Le Capitaine Cartuccia 0:00
VIII. Polichinelle 2:21
IX. Polka 2:47
X. Cinzio 4:10
XI. Souvenir de Rio 4:47
XII. Final 7:51

sábado, 5 de dezembro de 2009

5 de Dezembro

  • Em 1952 Gian Carlo Menotti estreia o Violin Concerto com Efrem Zimbalist como solista e a Philadelphia Orchestra sob a direcção de Eugene Ormandy . Aqui o solista é Ruggiero Ricci, acompanhado pela Pacific Symphony Orchestra dirigida por Keith Clark.


  1. 1ºMov.-1ªParte-Allegro moderato
  2. 1ºMov.-2ªParte-Allegro moderato
  3. 2ºMov.-Adagio
  4. 3ºMov.-Allegro vivace

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

4 de Dezembro

  • Em 1881 Tchaikovsky estreia em Viena o seu Violin Concerto em Ré maior, op. 35 interpretado pela Vienna Philharmonic Orchestra, regida por Hans Richter e com Adolf Brodsky no violino.Tchaikovsky dedicou seu concerto para violino a Adolf Brodsky.Aqui o solista é David Oistrakh
  1. 1ºMov.-1ªParte-Allegro moderato
  2. 1ºMov.-2ªParte-Allegro moderato
  3. 2ºMov.-Canzonetta — Andante
  4. 3ºMov.-Finale — Allegro vivacissimo

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Debussy


Compositor francês, Claude Achille Debussy nasceu em Saint-German-en-Laye a 22 de Agosto de 1862. A vocação musical do jovem foi descoberta por M.me Fauté de Fleurville, que o preparou para o Conservatório, onde foi admitido em 1873. Em 1884 recebe o grande prêmio de Roma de composição. Viaja para Moscovo com M.me von Meck, protectora de Tchaikovsky, interessando-se pela obra do então desconhecido Mussorgsky, que o influenciará.

Após uma estada na vila Médici, em Roma, retorna a Paris, em 1887, entrando em contacto com a avant-garde artística e literária. Frequenta os mardis de Mallarmé. No mesmo ano conhece Brahms, em Viena. Em 1888 ouve, em Bayreuth, Tristão e Isolda, de Wagner, que lhe causa profunda impressão. Em Paris, na exposição de 1889, ouve música do Oriente.

A vida de Debussy corre sem grandes acontecimentos, o escândalo doméstico do seu divórcio (deixa Rosalie Texier para casar-se com Emma Bardac) e a estreia tumultuosa de Pelléas e Mélisande, em 1902. Com raros aparecimentos públicos, seus anos finais foram minados pela doença (câncer) e pelo desgosto das derrotas francesas na I Guerra Mundial. Debussy morreu em Paris a 25 de Março de 1918.

À excepção de algumas peças mais conhecidas, Debussy deixou obra pouco acessível, pelo carácter inovador. Para o grande público seu nome está ligado aos sketches sinfónico de O mar (1905), ao terceiro movimento da Suite bergamasca (1809-1905), Luar, aos nocturnos para orquestra e algumas peças dos Prelúdios para piano. É o Debussy impressionista, autor de uma música vaga 'que se ouve com a cabeça reclinada nas mãos', segundo Cocteau.

Tais conceitos foram, depois, reformulados. Mas, por algum tempo, Debussy foi vítima do equívoco de ser considerado autor de uma música 'literária' e 'pictórica', por causa de suas ligações com a poesia simbolista e com o Impressionismo nas artes plásticas. Sua inovação foi, entretanto, de ordem musical, e é em termos musicais que a sua obra passou depois a ser compreendida.

O impressionismo de Debussy residiria no carácter flou, vago, de seus subtis jogos harmónicos, em que a melodia parecia dissolver-se. Mas essa fluidez era a aparência, como depois se viu. A melodia não se dissolveu propriamente, mas libertou-se dos cânones tradicionais, das repetições e das cadências rítmicas. Debussy não seguiu também as regras da harmonia clássica, deu uma importância excepcional aos acordes isolados, aos timbres, às pausas, ao contraste entre os registos. Trouxe uma nova concepção de construção musical, que se acentuou na sua última fase. Por isso foi incompreendido. O que não lhe desagradaria, pois ele mesmo propôs, certa vez, a criação de uma 'sociedade de esoterismo musical'.

A obra de Debussy é bastante diversificada, do ponto de vista dos géneros e das formas que utilizou. Não se pode dizer que tenha sido compositor essencialmente vocal ou instrumental, sinfónico ou camerístico, pois todas as suas obras, em que pese a diversidade de meios que utilizou, parecem transmitir a mesma mensagem. A abertura de um universo sonoro inteiramente novo, em que a sugestão ocupou o lugar da construção temática e definida. De modo geral, sua obra pode ser dividida em música para orquestra, música de câmara e para instrumentos solos, música para piano, canções e música coral, obras cénicas e música incidental.

A música orquestral de Debussy é a que corresponde melhor à sua imagem de impressionista. Em 1894, o Prelúdio à tarde de uma fauna, baseado no poema de Mallarmé, causou estranheza pela 'ausência de melodia': Debussy lançou na verdade, a sugestão de um tema melódico, sem desenvolvimento. Os Nocturnos (1893-1899), O mar e Imagens para orquestra (1909) pareciam confirmar a imagem do músico vago, cujas melodias não tinham contornos definidos e cuja construção harmónica parecia desarticulada: o tom poético dos títulos confirmaria a imagem de uma música 'literária'. Mas a poesia estava na música, na liberdade melódica, na pesquisa dos timbres, numa nova construção harmónica O efeito disso era uma nova e estranha sonoridade.

A música de câmara e para instrumentos solistas é uma secção reduzida na obra de Debussy. Em 1893 compõe o Quarteto para cordas em sol menor, obra singular cuja construção difere essencialmente do quarteto clássico beethoveniano. Também as três sonatas do seu período final foram construídas segundo princípios inteiramente diversos da sonata clássica vienense, mas por outros motivos.

Foram compostas no período da guerra, e Debussy, nacionalista intransigente, rejeitou os princípios da sonata clássica vienense para recuperar a forma cíclica da sonata francesa. As três sonatas (1915-1917), parte de um ciclo que ficou incompleto, para instrumentos diversos, das quais a mais importante é a Sonata para piano e violino, são obras avançadas, com aspereza inéditas em sua música anterior. Entre as composições para instrumento solo destaca-se, em estilo semelhante, Syrinx, para flauta desacompanhada.


A música pianística é uma secção importante na obra de Debussy. São conhecidas sobretudo as colecções Suíte bergamasca, Estampas (1903), Imagens (1905-1907), Canto das crianças (1906-1908) e os Estudos (12) I e II (1915). Da Suite bergamasca aos Estudos a evolução é marcante: os títulos poéticos desaparecem. Os títulos técnicos dos estudos (notas repetidas, sonoridades opostas, escalas cromáticas, etc.) apenas revelam a consciência técnica inovadora que se ocultava atrás de títulos poéticos como Jardins sob a chuva, Sinos por entre as folhagens, A catedral submersa, etc., em outros conjuntos (Estampas, Imagens, etc.).

No último período, não só a música pianística se torna mais abstracta como também mais áspera na pesquisa de novos timbres. Finalmente, em Seis epigrafes antigas e Em branco e negro, ambos de 1915, Debussy retorna às fontes clássicas francesas, Couperin e Rameau.

Debussy começou a sua carreira compondo música vocal, persistindo no género até os últimos anos de criatividade. O acervo é grande, incluindo a musicalização de muitos poetas. Entre as colecções mais célebres estão os Cinco poemas de Baudelaire (1887-1889), Arietas esquecidas (1888), de Verlaine, as Canções de Bilitis (1897), de Pierre Louys, e as Três baladas de François Villon (1913). A técnica melódica de Debussy fundamenta-se na melodia dos próprios versos, mas, nas baladas de Villon, nota-se a evolução para um severo despojamento.

Em 1902, a estreia da ópera Pelléas e Mélisande, sobre texto de Maeterlinck, causou estranheza: era quase uma antiópera, que se pretendia anti-Wagner na sua extrema contenção de texto declamado. Nela Debussy voltou-se contra toda a tradição dramática, de Berlioz a Wagner. Anos depois, em 1911, O martírio de São Sebastião é uma obra cénica ainda mais insólita. Da mesma época é a música para balé Jogos (1912), obra de surpreendentes inovações e de grande complexidade harmónica.

A música inovadora de Debussy agiu como um fenómeno catalisador de diversos movimentos musicais em outros países. Na França, só se aponta Ravel como influenciado, mas só na juventude, não sendo propriamente discípulo. Influenciados foram também Bartók, de Falla, Villa-Lobos e outros. Do Prelúdio à tarde de uma fauna, com que, para Pierre Boulez, começou a música moderna, até Jogos, toda a arte de Debussy foi uma lição de inconformismo.