Contexto histórico
- Em 1832 a 15 de Novembro,estreou em Berlim esta ªSinfonia em ré menor op.107 a "Reformation", escrita em homenagem ao 300º aniversário da apresentação ao imperador Carlos V dim documento chamado a Confissão de Augsburgo, um dos documentos mais importantes do luteranismo.
Mendelssohn iniciou a sua composição ainda durante a passagem pelas Ilhas Britânicas, no Outono de 1829, concluindo-a na Primavera de 1830, a tempo das festividades previstas, mas estas seriam canceladas devido aos eventos revolucionários desse ano.
A sua estreia seria novamente agendada para Paris, já em 1832, aproveitando uma passagem por essa cidade, mas os músicos da célebre orquestra dirigida por Habeneck recusaram-se a fazê-lo, censurando o que consideravam ser contraponto demasiado denso.Nesse mesmo ano, Mendelssohn dirigiria a sua estreia em Berlim, retirando-a imediatamente de circulação. A obra seria publicada apenas 21 anos após a morte do compositor, o que justifica que a sua numeração não reflicta o facto de ter sido a segunda na ordem de composição.-
Mendelssohn tinha apenas 21 anos.
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O próprio Mendelssohn acabou por não publicar a sinfonia em vida. Só foi editada postumamente, o que explica o número de opus mais alto e a designação “nº 5” apesar de ser, na verdade, a segunda sinfonia completa que ele escreveu.
Estrutura e elementos musicais
A sinfonia tem quatro andamentos:
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Andante – Allegro con fuoco
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Começa com uma introdução solene em ré menor.
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O Allegro é enérgico, quase dramático, mas sempre com a clareza típica de Mendelssohn.
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Allegro vivace
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Um scherzo leve, quase dançante, com aquele caráter “etéreo” muito próprio dele (o mesmo que ouvimos no “Sonho de uma noite de verão”).
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Andante
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Um movimento de caráter meditativo, de calma quase devocional.
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Chorale: “Ein feste Burg ist unser Gott” – Andante con moto – Allegro maestoso
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O final é o grande símbolo da obra.
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Mendelssohn utiliza diretamente o famoso hino luterano “Castelo forte é o nosso Deus”, que entra como um coral majestoso, quase uma afirmação de fé musical.
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Por que é especial
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É uma sinfonia profundamente programática, mas sem nunca abandonar o estilo elegante e claro de Mendelssohn.
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Une contraponto barroco (em homenagem a Bach, sua grande referência) a uma linguagem romântica.
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O último andamento, com o coral, é frequentemente percebido como uma das páginas mais grandiosas do compositor.
Para ouvir com atenção
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A forma como o coral emerge no final — primeiro quase escondido, depois pleno e triunfante.
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O contraste entre a solenidade religiosa e a leveza “feérica” de alguns trechos, algo muito típico de Mendelssohn.
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A construção temática: motivos apresentados no primeiro andamento retornam subtilmente mais tarde.
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