o Concerto para Piano nº 2 em Si bemol maior, Op. 83, de Johannes Brahms, é uma das obras-primas absolutas do repertório pianístico — monumental, profundamente lírica e orquestralmente rica.
Contexto e composição
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Composto: entre 1878 e 1881, cerca de 20 anos após o Primeiro Concerto (Op. 15).
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Estreia: 9 de novembro de 1881 em Budapeste, com o próprio Brahms ao piano e Hans von Bülow na regência.
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Dedicatória: ao amigo e mentor Eduard Marxsen, o professor de composição de Brahms.
O Segundo Concerto é muito diferente do primeiro: menos dramático e turbulento, mais expansivo, maduro e equilibrado. Brahms já era um compositor consagrado, e aqui mostra um domínio absoluto da forma e da orquestra.
Estrutura e caráter dos movimentos
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Allegro non troppo
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Começa com um motivo para trompa solo, quase pastoral, seguido por uma resposta delicada do piano.
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É uma forma sonata de grandes proporções, mas cheia de diálogo e integração entre piano e orquestra (não há oposição “virtuose x orquestra”, e sim parceria).
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O piano assume tanto papel solista quanto camerístico, com passagens líricas e outras de força titânica.
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Allegro appassionato
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Um scherzo intenso e dramático, em ré menor — quase uma fuga de tempestade dentro do concerto.
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Contrasta a serenidade do primeiro movimento com energia e paixão arrebatadoras.
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A seção central (trio) é mais lírica, mas o final retorna à tensão inicial.
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Andante
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Um dos momentos mais belos da música romântica.
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Célula melódica iniciada por um violoncelo solo, que estabelece um diálogo terno com o piano.
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É quase uma peça de câmara dentro do concerto, com grande intimidade e profundidade emocional.
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Brahms mostra aqui sua afinidade com a música de câmara, especialmente pelos trios com piano que compôs.
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Allegretto grazioso
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Um final leve e dançante, em forma de rondó.
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Depois de tanta densidade e introspecção, o concerto termina com elegância e bom humor — quase um alívio lúdico.
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Mostra o lado mais descontraído e espirituoso de Brahms.
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Estilo e importância
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Tecnicamente, é um dos concertos mais exigentes do repertório pianístico — não pela velocidade, mas pela densidade, resistência e controle expressivo.
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É também um marco na fusão entre forma sinfônica e virtuosismo pianístico.
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Muitos o chamam de “sinfonia com piano obbligato” pela escala e profundidade orquestral.
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