quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Brahms-Piano concerto nº2 em si bemol maior op.83


 o Concerto para Piano nº 2 em Si bemol maior, Op. 83, de Johannes Brahms, é uma das obras-primas absolutas do repertório pianístico — monumental, profundamente lírica e orquestralmente rica.

Contexto e composição

  • Composto: entre 1878 e 1881, cerca de 20 anos após o Primeiro Concerto (Op. 15).

  • Estreia: 9 de novembro de 1881 em Budapeste, com o próprio Brahms ao piano e Hans von Bülow na regência.

  • Dedicatória: ao amigo e mentor Eduard Marxsen, o professor de composição de Brahms.

O Segundo Concerto é muito diferente do primeiro: menos dramático e turbulento, mais expansivo, maduro e equilibrado. Brahms já era um compositor consagrado, e aqui mostra um domínio absoluto da forma e da orquestra.

Estrutura e caráter dos movimentos

  1. Allegro non troppo

    • Começa com um motivo para trompa solo, quase pastoral, seguido por uma resposta delicada do piano.

    • É uma forma sonata de grandes proporções, mas cheia de diálogo e integração entre piano e orquestra (não há oposição “virtuose x orquestra”, e sim parceria).

    • O piano assume tanto papel solista quanto camerístico, com passagens líricas e outras de força titânica.

  2. Allegro appassionato

    • Um scherzo intenso e dramático, em ré menor — quase uma fuga de tempestade dentro do concerto.

    • Contrasta a serenidade do primeiro movimento com energia e paixão arrebatadoras.

    • A seção central (trio) é mais lírica, mas o final retorna à tensão inicial.

  3. Andante

    • Um dos momentos mais belos da música romântica.

    • Célula melódica iniciada por um violoncelo solo, que estabelece um diálogo terno com o piano.

    • É quase uma peça de câmara dentro do concerto, com grande intimidade e profundidade emocional.

    • Brahms mostra aqui sua afinidade com a música de câmara, especialmente pelos trios com piano que compôs.

  4. Allegretto grazioso

    • Um final leve e dançante, em forma de rondó.

    • Depois de tanta densidade e introspecção, o concerto termina com elegância e bom humor — quase um alívio lúdico.

    • Mostra o lado mais descontraído e espirituoso de Brahms.

Estilo e importância

  • Tecnicamente, é um dos concertos mais exigentes do repertório pianístico — não pela velocidade, mas pela densidade, resistência e controle expressivo.

  • É também um marco na fusão entre forma sinfônica e virtuosismo pianístico.

  • Muitos o chamam de “sinfonia com piano obbligato” pela escala e profundidade orquestral. 


 Demorou três anos para trabalhar neste concerto, o que indica que sempre foi autocrítico. Ele escreveu a Clara Schumann: "Quero dizer-lhe que escrevi um concerto para piano muito pequeno com um scherzo muito pequeno e bonito."
 

A estreia pública do concerto foi dada em Budapeste com Brahms como solista e a Orquestra Filarmônica de Budapeste, e foi um sucesso imediato. 

Ele passou a apresentar a peça em muitas cidades da Europa.

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