🎼 Composição e contexto histórico
Shostakovich o compôs entre 1947 e 1948, mas — devido ao clima de censura durante o período Zhdanovista na União Soviética — a obra só foi estreada em 1955, com David Oistrakh como solista e Yevgeny Mravinsky regendo a Filarmônica de Leningrado. Oistrakh teve papel fundamental na gestação do concerto; Shostakovich o via como o intérprete ideal.
Estrutura e caráter
O concerto é uma viagem emocional em quatro movimentos, de uma densidade psicológica notável:
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Nocturno – Moderato
– Atmosfera sombria, introspectiva e contida.
– O violino parece murmurar confissões noturnas.
– Harmonicamente tenso, com tons de tragédia silenciosa — uma espécie de monólogo interior. -
Scherzo – Allegro non troppo
– Irônico e sarcástico, típico de Shostakovich.
– O tema principal é quase demoníaco, lembrando o sarcasmo de seus quartetos de cordas.
– Oistrakh o descreveu como um “diálogo com o diabo”. -
Passacaglia – Andante
– O coração da obra.
– Baseia-se num baixo obstinado de oito compassos.
– De profunda gravidade e intensidade emocional.
– O violino ascende a um clímax devastador, terminando numa cadenza monumental, que liga diretamente ao último movimento. -
Burlesque – Allegro con brio – Presto
– Catártico e virtuoso.
– O solista é levado ao limite técnico e expressivo.
– Mistura de euforia e sarcasmo: uma libertação irônica após o peso da Passacaglia.
🎻 Aspectos interpretativos
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