domingo, 29 de outubro de 2023

Shostakovitch-Violino Concerto nº1 em lá menor op.99

Em 1955 a 29 de Outubro, Dimitri Shostakovich estreia o seu Violin Concerto No. 1 op.99, tocado pela Leningrad Philharmonic conduzida por Yevgeny Svetlanov 

 O Concerto para violino n°1 em lá menor, Opus 77, foi originalmente escrita por Dmitri Shostakovitch em 1947 - 1948. 

 Este ainda estava trabalhando nesta peça na época da Doutrina Zhdanov, e no período posterior à sua denúncia do trabalho não pôde ser apresentado. 

 No período entre a finalização inicial da obra e sua primeira apresentação a 29 de outubro de 1955, o compositor e David Oistrakh trabalharam em várias revisões. 

A obra foi bem recebida pois .é uma das obras mais profundas e complexas do repertório violinístico do século XX.

🎼 Composição e contexto histórico
Shostakovich o compôs entre 1947 e 1948, mas — devido ao clima de censura durante o período Zhdanovista na União Soviética — a obra só foi estreada em 1955, com David Oistrakh como solista e Yevgeny Mravinsky regendo a Filarmônica de Leningrado. Oistrakh teve papel fundamental na gestação do concerto; Shostakovich o via como o intérprete ideal.

Estrutura e caráter
O concerto é uma viagem emocional em quatro movimentos, de uma densidade psicológica notável:

  1. Nocturno – Moderato
    – Atmosfera sombria, introspectiva e contida.
    – O violino parece murmurar confissões noturnas.
    – Harmonicamente tenso, com tons de tragédia silenciosa — uma espécie de monólogo interior.

  2. Scherzo – Allegro non troppo
    – Irônico e sarcástico, típico de Shostakovich.
    – O tema principal é quase demoníaco, lembrando o sarcasmo de seus quartetos de cordas.
    – Oistrakh o descreveu como um “diálogo com o diabo”.

  3. Passacaglia – Andante
    – O coração da obra.
    – Baseia-se num baixo obstinado de oito compassos.
    – De profunda gravidade e intensidade emocional.
    – O violino ascende a um clímax devastador, terminando numa cadenza monumental, que liga diretamente ao último movimento.

  4. Burlesque – Allegro con brio – Presto
    – Catártico e virtuoso.
    – O solista é levado ao limite técnico e expressivo.
    – Mistura de euforia e sarcasmo: uma libertação irônica após o peso da Passacaglia.

🎻 Aspectos interpretativos

Oistrakh pediu que Shostakovich revisse a orquestração, suavizando certos contrastes para destacar melhor o violino. A cadenza, longa e dramática, exige do intérprete não só técnica impecável, mas também profundidade narrativa — é uma confissão que culmina em um grito de libertação.     

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