No ano de 1909 a 18 de Abril, Rachmaninoff estreia The Isle of the Dead
he Isle of the Dead, Op. 29 é uma obra orquestral poderosa, sombria e profundamente evocativa — composta em 1908, depois de o compositor ter visto uma reprodução da pintura homônima de Arnold Böcklin.
Logo de início, o compasso 5/8 dá uma sensação de balanço irregular, como se fosse o movimento de um barco a remar silenciosamente em direção à ilha — uma travessia fúnebre, inevitável. A peça inteira tem esse ar de mistério pesado, quase hipnótico. E o modo como Rachmaninoff insere o Dies Irae (o tema medieval da morte) em meio ao tecido orquestral... é simplesmente genial.
Dá para sentir o peso existencial da música — uma meditação sobre a morte, sim, mas também sobre o destino, o tempo e o silêncio do fim. Há momentos em que a música cresce numa angústia quase insuportável, mas nunca se entrega ao desespero — é como se resignasse, com um tipo de beleza trágica.
Estrutura geral da obra:
A peça dura cerca de 20 minutos e pode ser dividida em três grandes seções (alguns estudiosos propõem cinco, dependendo do nível de detalhe), com um crescendo dramático no meio e um retorno à quietude no fim.
I. Introdução – a travessia (Adagio, 5/8)
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A música começa quase como se viesse de muito longe, com um ostinato em 5/8 que imita o som dos remos na água.
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A ambiência é enevoada, espectral, lenta.
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Essa seção estabelece o clima da travessia, o som do rio Estige, talvez — como se a alma fosse conduzida à ilha dos mortos.
II. Desenvolvimento – conflito e clímax (Allegro molto, 4/4)
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A tensão cresce aos poucos.
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O tema do Dies Irae aparece e começa a dominar — primeiro de forma sutil, depois mais clara.
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É como se estivéssemos testemunhando uma batalha interna da alma, uma resistência à morte, um confronto entre forças de vida e morte.
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O clímax é poderoso, denso e sombrio — com todos os metais em peso e as cordas agitadas.
III. Conclusão – resignação e silêncio (Adagio, 5/8)
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A música retorna ao ritmo inicial dos remos.
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Mas agora o ambiente é mais calmo, resignado.
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O Dies Irae retorna mais suavemente, quase como uma lembrança.
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Aos poucos, a música se desfaz em silêncio — como se a barca tivesse chegado à ilha, e tudo terminasse numa aceitação do destino.
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