Estrutura geral
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Inferno
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Escrita em Ré menor, abre com um motivo sombrio e dissonante que evoca o caos infernal e o célebre verso “Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate”.
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Musicalmente, é uma das páginas mais ousadas de Liszt: utiliza cromatismos intensos, ritmos violentos, intervalos aumentados e modulações abruptas.
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Há episódios que descrevem cenas do Inferno, como a paixão trágica de Francesca da Rimini e Paolo, tratados com lirismo contrastante.
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Purgatorio
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Contrasta fortemente com o Inferno: é sereno e contemplativo, em Si maior, simbolizando a esperança e a purificação.
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A música progride em direção à luz, com temas mais diatónicos e uma orquestração mais transparente.
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No final, Liszt introduz o “Magnificat” para coro feminino (ou vozes brancas), representando a ascensão espiritual e o vislumbre do Paraíso.
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Contexto e significado
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A sinfonia reflete o ideal romântico de transformar literatura em música (“poema sinfónico” antes do termo se fixar).
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Wagner influenciou fortemente Liszt nesta fase — mas também o aconselhou a não tentar representar musicalmente o Paraíso, o que levou Liszt a parar no Purgatório.
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É uma obra profundamente programática, filosófica e religiosa, mais do que puramente sinfónica no sentido clássico.
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