domingo, 29 de novembro de 2020

Brahms-Piano Quarteto nº2 em lá maior op.26

Em 1862 a 29 de Novembro,  Brahms estreia em Viena no Gesellschaft for Musikfreunde Vereinsaal, o seu Piano Quarteto No. 2 em lá maior Op. 26. interpretado pelo Hellmesberger Quartet, com o compositor ao piano

É uma das obras de câmara mais amplas, luminosas e generosas do compositor. Foi concluído em 1861, e muitos músicos o veem como o mais “sinfónico” dos três quartetos com piano de Brahms — não no sentido de grandiosidade orquestral, mas na amplitude formal, na densidade temática e na riqueza de desenvolvimento.

Aqui estão alguns pontos marcantes:

1. Um Brahms expansivo e lírico

Este quarteto tem um caráter mais aberto, sereno e pastoral em comparação ao mais dramático op. 25 e ao mais compacto op. 60. O primeiro movimento é amplo, com um lyrismo confortável, quase meditativo.

2. O piano como tecelão de texturas

O piano não domina com virtuosismo: ele entrelaça texturas com as cordas, criando um bloco sonoro muito homogêneo. É Brahms camerístico no seu melhor — denso, mas nunca pesado.

3. O Scherzo contrasta com leveza

O segundo movimento é um Poco Adagio que se abre em clima introspectivo, seguido por um Scherzo elegante e discreto, muito diferente dos scherzi turbulentos de outros compositores românticos.

4. Andante com alma noturna

O movimento lento é um dos mais belos de Brahms: melancólico sem pesar, contemplativo, com aquele toque de noite interior que Brahms sabia construir sem drama exagerado.

5. Finale com sabor húngaro

O final traz um aceno ao estilo “alla Zingarese” que Brahms tanto apreciava, mas aqui mais moderado que no famoso finale do op. 25. É elegante, rítmico, um fecho cheio de vida.

Em suma

É uma obra para quem aprecia profundidade sem sofrimento, beleza construída com calma, e a sensação de uma música que respira longamente. Entre os três quartetos com piano de Brahms, este é o que mais transmite serenidade madura

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