Beethoven escreveu pouquíssima música para quinteto de cordas. Este é o único quinteto original para a formação tradicional (2 violinos, 2 violas e violoncelo). Isso já lhe dá um caráter especial: Beethoven explora de forma rica o timbre mais quente e denso das duas violas.
Por que “Storm”?
O apelido não é original do compositor, mas surgiu porque o último andamento, em Presto, contém um trecho central onde Beethoven cria:
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rápidos arpejos descendentes,
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figuras agitadas no violino,
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acordes súbitos e dramáticos,
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contrastes bruscos de dinâmica,
…tudo isso dando a impressão de uma tempestade musical, quase como um antecessor do que faria depois na 6ª sinfonia (“Pastoral”).
Uma peça de transição
Escrito em 1801, o Op. 29 está numa fase em que Beethoven:
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deixa para trás o estilo mais clássico herdado de Haydn e Mozart,
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começa a revelar um estilo mais ousado,
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experimenta texturas, modulações e contrastes mais dramáticos.
O “Storm” é praticamente um laboratório do Beethoven que viria a ser
Movimentos em linhas gerais
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Allegro moderato — Elegante e luminoso, mas já com tensões internas típicas do compositor.
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Adagio molto espressivo — Belo movimento lírico, quase vocal, com harmonias surpreendentes.
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Scherzo: Allegro — Leve e brincalhão, mas sempre com aquela energia nervosa beethoveniana.
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Presto — O famoso “Storm”: movimento rápido, vibrante e cheio de efeitos atmosféricos.
Por que é tão apreciado
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É menos tocado que os quartetos, mas tem uma riqueza tímbrica única.
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Mostra um Beethoven entre dois mundos: ainda clássico, mas já tempestuoso.
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O último movimento é uma pequena obra-prima de imaginação sonora.
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