Aqui estão alguns pontos marcantes:
1. Um Brahms expansivo e lírico
Este quarteto tem um caráter mais aberto, sereno e pastoral em comparação ao mais dramático op. 25 e ao mais compacto op. 60. O primeiro movimento é amplo, com um lyrismo confortável, quase meditativo.
2. O piano como tecelão de texturas
O piano não domina com virtuosismo: ele entrelaça texturas com as cordas, criando um bloco sonoro muito homogêneo. É Brahms camerístico no seu melhor — denso, mas nunca pesado.
3. O Scherzo contrasta com leveza
O segundo movimento é um Poco Adagio que se abre em clima introspectivo, seguido por um Scherzo elegante e discreto, muito diferente dos scherzi turbulentos de outros compositores românticos.
4. Andante com alma noturna
O movimento lento é um dos mais belos de Brahms: melancólico sem pesar, contemplativo, com aquele toque de noite interior que Brahms sabia construir sem drama exagerado.
5. Finale com sabor húngaro
O final traz um aceno ao estilo “alla Zingarese” que Brahms tanto apreciava, mas aqui mais moderado que no famoso finale do op. 25. É elegante, rítmico, um fecho cheio de vida.