quarta-feira, 23 de abril de 2025

Prokofiev-Piano Concerto nº2 em sol menor op.16

  • No ano de 1891 a 23 de Abril nasce em Sontzovska na Ucrania Sergei Prokofiev


o Concerto para Piano n.º 2 em Sol menor, Op. 16 de Sergei Prokofiev 

É uma obra intensa, dramática, cheia de contrastes, e talvez uma das peças mais ousadas do repertório pianístico do século XX. Foi composto em 1913, mas a versão original acabou se perdendo num incêndio. Prokofiev o reconstruiu mais tarde, em 1923, e ele mesmo dizia que a nova versão era ainda mais difícil do que a anterior.

Aqui vão alguns pontos marcantes desse concerto:

Primeiro movimento (Andantino – Allegretto)

Começa com um tema sombrio, quase fúnebre, e evolui para uma cadenza gigantesca para o piano — talvez uma das maiores de todos os concertos, em termos de duração e complexidade. É como se o pianista duelasse com os próprios limites.

Segundo movimento (Scherzo: Vivace)

Um jogo maluco de mãos correndo em uníssono, sem pausa, em velocidade vertiginosa. É curto, mas tecnicamente alucinante. Um verdadeiro balé de dedos.

Terceiro movimento (Intermezzo: Allegro moderato)

Aqui entra um humor um pouco ácido, quase grotesco. Um trote pesado e irônico, com toques caricatos, quase zombeteiros. Parece uma crítica musical feita com sarcasmo.

Quarto movimento (Finale: Allegro tempestoso)

É o clímax emocional — tempestuoso de verdade. Explosões orquestrais, dissonâncias intensas, e uma luta quase épica entre o piano e a orquestra até o fim. 

terça-feira, 15 de abril de 2025

Prokofiev-Piano Sonata nº3 em lá menor op.28

  • Em 1918 a 15 de Abril, Prokofiev estreia em Petrogardo seu Piano Sonata No. 3 em lá menor op.28 


porém com base em esboços juvenis de 1907-1908 — ou seja, ele a escreveu com 26 anos, mas partindo de ideias de quando tinha cerca de 17.

Subtítulo:

"From the Old Notebooks" ("Dos Cadernos Antigos") — um nome muito revelador da natureza da obra, como uma revisitação do seu eu mais jovem.


Características musicais:

  • Estrutura:
    É uma sonata de movimento único, mas com seções internas contrastantes que remetem à forma sonata tradicional (exposição – desenvolvimento – recapitulação), ainda que tratadas de forma muito livre.

  • Estilo:
    Típico de Prokofiev:

    • Rítmico, incisivo, com harmonias ousadas e sarcasmo latente;

    • Passagens líricas e sonhadoras contrastam com momentos rudes e percussivos;

    • Um certo ar de improvisação juvenil misturado à arquitetura madura.

  • Técnica pianística:
    Virtuosística, mas com um brilho direto, sem exagero. Exige controle rítmico, articulação precisa e sensibilidade para os contrastes — desde os trechos agitados até os mais poéticos.

  • aqui a interpretação é de Martha Argerich

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quinta-feira, 10 de abril de 2025

Faure-Masques et Bergamasques op.112

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Masques et Bergamasques, op. 112" de Gabriel Fauré é uma verdadeira joia do repertório francês. Composta em 1919, essa suíte orquestral tem um tom nostálgico, leve e elegante — uma despedida delicada e refinada de Fauré à música orquestral, já que essa foi sua última obra para orquestra.

A estreia foi a 10 de Abril de 1919 em Monte Carlo

O título remete ao universo dos bailes mascarados e das figuras da commedia dell’arte, uma atmosfera galante e sonhadora inspirada no poema "Clair de Lune" de Verlaine, que menciona justamente "masques et bergamasques" como imagens de uma festa melancólica. E essa melancolia subtil está presente na música também: uma doçura crepuscular, um lirismo contido.

A suíte é baseada em materiais mais antigos de Fauré, reutilizados e orquestrados com muito esmero — algo comum nessa fase tardia de sua carreira. Contém quatro movimentos:

  1. Ouverture – viva, com certo espírito neoclássico.

  2. Menuet – gracioso, com uma elegância antiga.

  3. Gavotte – dançante, com leveza e um sorriso discreto.

  4. Pastorale – sonhadora, com aquele ar de despedida suave.

Essa peça também existiu como música incidental para uma comédie-ballet encomendada por Raoul Gunsbourg para Monte Carlo — um projeto que acabou ficando mais conhecido na forma da suíte.

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Shostakovitch-Sinfonia nº05 em ré menor op.47

Dmitri Shostakovitch escreveu sua Sinfonia n°5 em ré menor, Op. 47, entre abril e julho de 1937. Sua primeira apresentação foi em Leningrado pela Orquestra Filarmônica de Leningrado sob a regência de Yevgeny Mravinsky, a 21 de novembro de 1937. 

Em 1938 a 9 de Abril .estreia nos EUA a sua Sinfonia nº5 em ré menor op,47. interpretada pela NBC Symphony sob a direcção de Artur Rodzinski.
  • Contexto histórico: Foi escrita durante o período do regime de Stalin, logo após Shostakovitch ter sido duramente criticado pelo Partido Comunista devido à ópera Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk. Ele precisava "redimir-se" aos olhos do regime — e esta sinfonia foi a resposta.

  • Descrição do próprio compositor:
    “Resposta criativa de um artista soviético a uma crítica justa.”
    — Essa frase foi usada como propaganda oficial, mas muitos estudiosos acreditam que a obra esconde uma crítica velada ao regime.

Estrutura:

  1. Moderato – Allegro non troppo
    – Um movimento dramático, sombrio e denso, com momentos quase cinematográficos.

  2. Allegretto
    – Um scherzo irónico, lembrando por vezes Mahler, com toques de sarcasmo.

  3. Largo
    – Uma meditação dolorosa e profunda. É talvez o coração emocional da sinfonia.

  4. Allegro non troppo
    – O final é grandioso, aparentemente triunfante… mas muitos argumentam que é uma vitória forçada, quase trágica — como se a alegria fosse imposta a ferros.

Este trabalho foi um enorme sucesso, e diz-se que recebeu aplausos por pelo menos 40 minutos, segundo Mstislav Rostropovich É até hoje um de seus trabalhos mais populares.

domingo, 6 de abril de 2025

Schubert-Sinfonia nº8 em si menor Incompleta

A Sinfonia n.º 8 em si menor, D. 759, de Franz Schubert, é uma das obras mais fascinantes do repertório sinfônico, não só pela sua beleza intensa, mas também pelo mistério que a envolve. Ela é conhecida como a "Sinfonia Inacabada", e isso já abre espaço para muita reflexão.

O que a torna tão especial?

  1. Somente dois movimentos
    A sinfonia só tem dois movimentos completos:

    • I. Allegro moderato

    • II. Andante con moto
      Diferente da estrutura usual de quatro movimentos nas sinfonias clássicas, Schubert deixou este trabalho "inacabado". Não há um Scherzo nem um Finale.

    • Foi estreada no ano de 1867 a 6 de Abril, 39 anos depois da sua morte  

  2. Expressividade marcante
    Desde os primeiros compassos do primeiro movimento, com aqueles tremores misteriosos nas cordas e a entrada melancólica dos sopros, Schubert nos mergulha num mundo sombrio, quase confessional. O clima é profundamente romântico, cheio de contrastes emocionais, com momentos de doçura lírica e outros de drama intenso.

  3. Por que não terminou?
    Ninguém sabe ao certo. Schubert escreveu os dois movimentos em 1822, mas nunca os completou. Há esboços de um terceiro movimento (Scherzo), mas ele nunca orquestrou. Alguns estudiosos dizem que talvez ele sentisse que a obra estava completa em sua forma atual, ou que outras preocupações (doença, falta de encomenda, autocrítica) o impediram de concluir.

  4. Beleza melódica
    Como é característico de Schubert, a sinfonia é cheia de melodias memoráveis, quase cantáveis. Ele tinha uma alma de liedermacher (compositor de canções) e isso transparece mesmo na música orquestral.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Beethoven-Sinfonia Nº1 em dó maior op.21

A Sinfonia No. 1 em Dó Maior, Op. 21 de Beethoven é uma obra fascinante porque marca sua estreia no gênero sinfônico, mas já carrega indícios de sua ousadia e individualidade. Composta entre 1799 e 1800 e estreada em 2 de abril de 1800, essa sinfonia ainda tem fortes influências de Haydn e Mozart, mas Beethoven já demonstra um espírito inovador.

A sinfonia é composta por 4 andamentos. 

O primeiro andamento (Adagio molto—Allegro con brio) começa por uma espécie de introdução muito calma e uma dissonância que se pensa ter sido uma experimentação de Beethoven dado que o voltou a utilizar logo no ano seguinte. 

Alias esta dissonância que hoje não nos parece nada de transcendente foi suficientemente inovadora para valer a Beethoven uma polémica pessoal com os críticos da época nomeadamente Preindl, Stadler e Weber. 

 O segundo andamento (Andante cantabile con moto) é um dos andamentos onde se nota em simultâneo a escola de contraponto do seu mestre Albrechtsberger mas em simultâneo uma elegância e uma beleza acima de qualquer escola. 

Em termos de inovação é também neste andamento que Beethoven nos reserva uma utilização da precursão inovadora e que anuncia a verdadeira revolução que acabou por ocorrer mais tarde. 

 O terceiro andamento (Menuetto: Allegro molto e vivace) é dos quatro o que mais trouxe em termos de inovação. Na verdade embora guarde a forma do minueto Beethoven faz explodir completamente a forma tradicional desta antiga dança de salão para a transformar em algo completamente novo. Nas palavras de J. W Davison´s Beethoven terá aqui dado "Um Salto para um mundo novo". 

 Finalmente o quarto andamento (Adagio—Allegro molto e vivace) foi caracterizado por Berlioz na sua análise das nove sinfonias de Beethoven como "Uma brincadeira infantil e nada beethoviana". 

Embora ainda seja uma sinfonia com raízes clássicas, já há sinais da personalidade arrebatadora de Beethoven, que em breve revolucionaria o gênero. Gosto particularmente do modo como ele trabalha a tensão e a resolução, algo que ficaria ainda mais evidente nas sinfonias seguintes.,

terça-feira, 1 de abril de 2025

Mahler-Sinfonia nº09 em ré maior

A Nona Sinfonia de Mahler, composta entre 1908 e 1909, é uma das obras mais profundas e emocionantes do repertório sinfônico. Muitos a interpretam como uma despedida, pois foi a última sinfonia completa que Mahler escreveu antes de sua morte em 1911.

Um desempenho típico leva cerca de 75 a 90 minutos. Uma pesquisa com maestros elegeu a Sinfonia nº 9 de Mahler como a quarta maior sinfonia de todos os tempos numa votação conduzida pela BBC Music Magazine em 2016. 


Como no caso de seu anterior Das Lied von der Erde, Mahler não viveu para ver sua Sinfonia nº 9 ser executada. 

  
A pontuação foi concluída em 1º de abril de 1910

Estrutura e Significado

  1. Andante comodo – O primeiro movimento tem uma melancolia que alterna entre doçura e desespero. A pulsação irregular inicial lembra uma arritmia cardíaca, possivelmente relacionada à condição de Mahler, que sabia ter problemas no coração.

  2. Im Tempo eines gemächlichen Ländlers – Um segundo movimento que brinca com um Ländler (dança folclórica austríaca), mas com distorções grotescas, dando um tom sarcástico e desconfortável.

  3. Rondo-Burleske – Um terceiro movimento frenético, cheio de ironia e sarcasmo, quase uma zombaria da própria arte.

  4. Adagio – O último movimento é uma despedida lenta e sublime, onde os sons parecem se dissolver no silêncio. É um dos finais mais emocionantes da música clássica.

Por que é tão marcante?

  • O Adagio final é frequentemente visto como Mahler aceitando a morte.

  • A obra não termina com um grande clímax, mas sim com um apagamento gradual, quase como se a música desaparecesse no nada.

  • Foi admirada por compositores como Alban Berg, que disse que a sinfonia "expressa um amor imenso pela Terra, pelo destino, pela vida".

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