quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Tchaikovsky-Sinfonia nº 6 em si menor"Pathétique" op.74

a Sinfonia n.º 6 em si menor, Op. 74 — a célebre “Pathétique” de Tchaikovsky — é uma das obras mais intensas, confessionais e emocionais de toda a história da música. É, de certo modo, o testamento espiritual do compositor.

Tchaikovsky escreveu-a em 1893, poucos meses antes da sua morte — e há quem veja nela uma despedida consciente da vida. Ele próprio disse ao irmão Modest que essa seria “a melhor coisa que já compus.” E de facto é uma sinfonia profundamente pessoal, de contrastes extremos: entre grandeza e desolação, entre o brilho do mundo e a escuridão íntima.

Em 1893 a 23 de Outubro, estreia em São Petersburgo esta Sinfonia Nº 6  regida pelo próprio, 9 dias antes de morrer.


O compositor, bebendo água não fervida, foi contaminado pela epidemia de cólera que grassava em São Petersburg

Eis uma leitura resumida dos seus quatro movimentos:

  1. Adagio – Allegro non troppo
    Começa com um tema sombrio nos fagotes e contrabaixos, quase um lamento. O desenvolvimento conduz-nos a explosões dramáticas, com uma intensidade emocional quase trágica. É um movimento de vida e morte, como se o compositor lutasse contra forças interiores.

  2. Allegro con grazia
    Um falso alívio: uma valsa em 5/4, irregular, desequilibrada, que nunca chega a estabilizar o compasso. É belo e melancólico ao mesmo tempo, um sorriso com sombra por trás — um dos trechos mais caracteristicamente “tchaikovskianos”.

  3. Allegro molto vivace
    Parece um scherzo triunfal, quase marcial. Quando termina, o público tende a aplaudir, como se fosse o final da sinfonia — mas é um engano. Tchaikovsky ironiza a própria ideia de vitória: esse triunfo é vazio, artificial, um eco do que já não é.

  4. Finale: Adagio lamentoso
    Aqui está o verdadeiro coração da Pathétique: a sinfonia não termina em glória, mas se extingue num murmúrio de resignação. O tema final desce, afunda, desfaz-se lentamente no silêncio. É o som de uma alma que se apaga.

Em conjunto, a obra é um retrato do conflito entre vida exterior e dor interior, entre a forma clássica e a emoção desmedida — uma despedida tão humana que ainda hoje, ao ouvi-la, parece que Tchaikovsky fala diretamente a nós. 

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