terça-feira, 9 de setembro de 2025

Beethoven-Sonata nº12 em lá bemol maior op.26

 A Sonata para piano n.º 12 em lá bemol maior, Op. 26 de Ludwig van Beethoven (composta entre 1800 e 1801, publicada em 1802) é uma das peças mais singulares do compositor dentro do género, justamente porque rompe com a forma tradicional das sonatas da época.

Estrutura incomum

  • Ao contrário da norma, a sonata não começa com um Allegro em forma-sonata, mas sim com um tema e variações.

  • Os quatro andamentos são:

    1. Andante con variazioni – Tema lírico em lá bemol maior com cinco variações. É meditativo e íntimo, dando ao início uma atmosfera quase de improvisação.

    2. Scherzo: Allegro molto – Breve, leve e rítmico, contrastando com a solenidade do primeiro andamento.

    3. Marcia funebre sulla morte d’un Eroe – O célebre andamento fúnebre em lá bemol menor. Tornou-se extremamente conhecido, chegando a ser executado no funeral de Beethoven em 1827.

    4. Allegro – Um final em rondó-sonata, ágil e de caráter luminoso, quase como um alívio após a densidade da marcha fúnebre.

Características marcantes

  • Inovação formal: Beethoven experimenta bastante aqui, testando uma sequência de movimentos pouco convencional, o que influenciaria futuras sonatas.

  • Caráter expressivo: A alternância entre variações líricas, scherzo brincalhão, marcha fúnebre dramática e finale leve dá ao conjunto uma riqueza emocional rara.

  • Marcia funebre: Este terceiro andamento ganhou vida própria, sendo frequentemente tocado separadamente, dada a sua força expressiva.

Importância

  • A Sonata Op. 26 foi muito admirada na época: Chopin, por exemplo, terá se inspirado no 3.º andamento para a sua própria Sonata n.º 2 em si bemol menor, Op. 35, que também contém uma marcha fúnebre célebre.

  • Mostra um Beethoven ainda no chamado "período inicial", mas já claramente a romper convenções clássicas e a abrir espaço para novas formas de expressão que dominariam o seu "período médio".

domingo, 7 de setembro de 2025

Grieg-Piano concerto em lá menor op.16

O Concerto para piano em lá menor, Op. 16, de Edvard Grieg (1868) é uma das obras mais conhecidas do repertório romântico para piano e orquestra. Algumas notas importantes:
  • Primeira grande obra sinfónica de Grieg – Ele tinha apenas 24 anos quando a compôs, inspirado em parte pelo concerto de Schumann, também em lá menor. Grieg admirava Schumann e conhecia bem o estilo romântico alemão, mas já começa a imprimir sua própria identidade.

  • Virtuosismo e lirismo – O concerto equilibra trechos de brilhantismo pianístico (especialmente no primeiro movimento, com as cadências e acordes poderosos) com momentos de melodia delicada, típicos da tradição nórdica.

  • Temas nacionais – Embora não use citações folclóricas diretas, o concerto é permeado por ritmos e cores que evocam a música popular norueguesa, especialmente nas danças do último movimento. Essa fusão de tradição romântica europeia com identidade nacional foi marca do estilo de Grieg.

  • Estrutura:

    • I. Allegro molto moderato – abre com a célebre cascata de acordes do piano, seguida por um tema lírico e expansivo.

    • II. Adagio – lírico, em tom mais intimista, frequentemente descrito como uma canção da alma.

    • III. Allegro moderato molto e marcato – dançante e rítmico, com forte inspiração folclórica, concluindo em um clima de brilho e triunfo.

  • Recepção – Foi um sucesso desde a estreia e logo se tornou popular em toda a Europa. Pianistas como Liszt elogiaram a obra (Liszt chegou a ler a partitura e tocá-la à primeira vista, o que impressionou Grieg).

  • Legado – É o único concerto para piano que Grieg escreveu, mas permanece entre os mais executados até hoje, ao lado dos concertos de Tchaikovsky, Rachmaninov e Beethoven.

👉 Aqui interpretação é do grande Arthur Rubinstein