sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Beethoven-Sinfonia Nº2 em ré maior op.36,


A segunda sinfonia de Beethoven foi escrita entre 1801 e 1802 e foi a ultima composição do que se convencionou chamar o primeiro período. Foi dedicada ao príncipe Carl Lichnowsky tendo sido em grande parte escrita durante o verão de 1802 em Heiligenstadt perto de Viena.

Neste período, o compositor começava a experimentar os primeiros sinais de surdez, a qual julgava ser incurável, o que o levou a momentos de grande depressão. 

 A estreia deu-se em 5 de abril de 1803, no Theater an der Wien, em Viena, sob regência do próprio compositor. Juntamente foram estreados o Concerto para piano n.° 3 e o oratório Cristo no Monte das Oliveiras.

Um famoso crítico vienense escreveu para o Zeitung fuer die elegante Welt ("Jornal para o Mundo Elegante") que a sinfonia era como "um dragão ferido contorcendo-se horrivelmente, que recusa-se a morrer, mas que contorce-se até suas últimas angústias, e no quarto movimento, sangra até a morte"

Composta no início do século XIX, essa sinfonia demonstra uma surpreendente vitalidade e humor, mesmo em um período da vida de Beethoven em que ele já enfrentava desafios pessoais e o início dos problemas auditivos.

Contexto Histórico e Composição

  • Período de Transição: Escrita em uma época de transformações pessoais e musicais, a sinfonia já prenuncia as inovações que se tornariam características das obras posteriores de Beethoven.

  • Inovação na Forma: Embora mantenha a estrutura tradicional de quatro movimentos, Beethoven brinca com os contrastes de ritmo, dinâmicas e tonalidades, abrindo caminho para abordagens mais ousadas na música sinfônica.

Estrutura e Movimentos

  1. Primeiro Movimento – Adagio molto – Allegro con brio:
    Inicia com uma introdução lenta e majestosa que, repentinamente, se transforma em um movimento vigoroso e enérgico. Essa transição surpreendente é uma das marcas registradas da obra.

  2. Segundo Movimento – Larghetto:
    Um movimento mais calmo e lírico, que oferece um contraste sereno em relação à energia do primeiro movimento, permitindo uma reflexão melódica e harmoniosa.

  3. Terceiro Movimento – Scherzo: Allegro:
    Aqui, Beethoven explora um caráter quase brincalhão, repleto de ritmo e de surpresas, antecipando a abordagem inovadora que ele viria a desenvolver em obras posteriores.

  4. Quarto Movimento – Allegro molto:
    Encerrando a sinfonia com uma explosão de energia, este movimento final retoma a vitalidade e o dinamismo característicos, culminando a obra de maneira exuberante.

Características Musicais e Legado

  • Humor e Ironia: Apesar dos desafios pessoais enfrentados pelo compositor, a sinfonia é frequentemente lembrada por sua natureza quase jocosa e pela habilidade de Beethoven em transformar a adversidade em arte vibrante.

  • Inovação Orquestral: O uso criativo da orquestração e a maneira como os temas se desenvolvem demonstram o domínio de Beethoven sobre a forma sinfônica, influenciando gerações futuras de compositores.

  • Transição Estilística: Essa obra se situa entre o classicismo e o romantismo, refletindo a transição estilística que marcaria toda a carreira de Beethoven.



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