A Sinfonia nº 5 em Ré Maior (Symphony No. 5 in D major) do Ralph Vaughan Williams é uma das suas obras mais luminosas e serenas, composta entre 1938 e 1943. Ela foi estreada em 1943 a 24 de Junho, no Royal Albert Hall num concerto Promenade com o compositor na condução da London Philharmonic Orchestra durante a Segunda Guerra Mundial, e surge quase como um refúgio espiritual num momento de enorme turbulência global.
Ao contrário da 4ª Sinfonia (mais dissonante e tensa), a 5ª destaca-se por um clima introspectivo, pastoral e contemplativo — muito próximo do que Vaughan Williams cultivava em outras obras, como The Lark Ascending. Alguns pontos marcantes sobre essa sinfonia:
-
Tonalidade e atmosfera: A escolha de Ré maior dá uma sensação de luminosidade e serenidade. Apesar disso, há passagens modais que criam cores melancólicas e evocam o folclore inglês.
-
Material melódico: Muitos dos temas foram originalmente pensados para a ópera nunca concluída The Pilgrim’s Progress, o que dá um tom quase espiritual e meditativo.
-
Orquestração: Rica, mas nunca sobrecarregada. Vaughan Williams dá espaço para madeiras e cordas em melodias que se entrelaçam com suavidade.
-
Andamentos:
-
Preludio (Moderato) — Atmosférico e contemplativo, quase como uma prece.
-
Scherzo (Presto) — Mais rítmico e agitado, mas nunca estridente.
-
Romanza (Lento) — O ponto alto emocional da sinfonia, com belas melodias e um clima profundamente meditativo.
-
Passacaglia (Moderato) — Encerramento solene e esperançoso.
-
Se comparada a outras sinfonias do próprio compositor — como a Sinfonia nº 2 (Londres), que é colorida e cheia de cenas urbanas, ou a 6ª, que é muito mais sombria — a 5ª é quase como uma “oração em música”. Ela dá a sensação de uma viagem interior e da aceitação tranquila do mundo, e por isso muitos a consideram uma das melhores obras de Vaughan Williams e até da música sinfônica britânica do século XX.
Sem comentários:
Enviar um comentário