terça-feira, 24 de junho de 2025

Ralph Vaughan Williams-Sinfonia nº. 5 em ré maior

A Sinfonia nº 5 em Ré Maior (Symphony No. 5 in D major) do Ralph Vaughan Williams é uma das suas obras mais luminosas e serenas, composta entre 1938 e 1943. Ela foi estreada em 1943 a  24 de Junho, no Royal Albert Hall num concerto Promenade com o compositor na condução da London Philharmonic Orchestra durante a Segunda Guerra Mundial, e surge quase como um refúgio espiritual num momento de enorme turbulência global.

Ao contrário da 4ª Sinfonia (mais dissonante e tensa), a 5ª destaca-se por um clima introspectivo, pastoral e contemplativo — muito próximo do que Vaughan Williams cultivava em outras obras, como The Lark Ascending. Alguns pontos marcantes sobre essa sinfonia:

  • Tonalidade e atmosfera: A escolha de Ré maior dá uma sensação de luminosidade e serenidade. Apesar disso, há passagens modais que criam cores melancólicas e evocam o folclore inglês.

  • Material melódico: Muitos dos temas foram originalmente pensados para a ópera nunca concluída The Pilgrim’s Progress, o que dá um tom quase espiritual e meditativo.

  • Orquestração: Rica, mas nunca sobrecarregada. Vaughan Williams dá espaço para madeiras e cordas em melodias que se entrelaçam com suavidade.

  • Andamentos:

    1. Preludio (Moderato) — Atmosférico e contemplativo, quase como uma prece.

    2. Scherzo (Presto) — Mais rítmico e agitado, mas nunca estridente.

    3. Romanza (Lento) — O ponto alto emocional da sinfonia, com belas melodias e um clima profundamente meditativo.

    4. Passacaglia (Moderato) — Encerramento solene e esperançoso.

Se comparada a outras sinfonias do próprio compositor — como a Sinfonia nº 2 (Londres), que é colorida e cheia de cenas urbanas, ou a 6ª, que é muito mais sombria — a 5ª é quase como uma “oração em música”. Ela dá a sensação de uma viagem interior e da aceitação tranquila do mundo, e por isso muitos a consideram uma das melhores obras de Vaughan Williams e até da música sinfônica britânica do século XX.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Prokofiev-Sonata violino e piano em ré maior op.94b

A Sonata para Violino e Piano em Ré Maior, Op. 94b de Sergei Prokofiev é uma das obras de câmara mais elegantes e líricas do compositor russo. 

Esta sonata é, na verdade, uma transcrição da Sonata para Flauta e Piano Op. 94, que Prokofiev compôs em 1943 durante a Segunda Guerra Mundial. O violinista David Oistrakh, amigo próximo de Prokofiev, ficou impressionado com a sonata para flauta e sugeriu que o compositor a adaptasse para violino. 

O resultado foi esta Op. 94b, finalizada em 1944.e estreado em Moscobo a 17 de Junho

A sonata segue a forma clássica de quatro movimentos:

  1. Moderato – Um movimento inicial com uma melodia expansiva e lírica, que remete ao lado mais neoclássico de Prokofiev. Apesar da guerra, é surpreendentemente sereno.

  2. Scherzo: Presto – Um segundo movimento vivo e espirituoso, com ritmos agudos e um toque de humor sarcástico típico de Prokofiev.

  3. Andante – Um movimento lento e introspectivo, com belas linhas melódicas que evocam um certo lirismo melancólico.

  4. Allegro con brio – Final enérgico, cheio de vitalidade e brilho técnico, exigindo grande habilidade tanto do violinista quanto do piano

A obra é um excelente exemplo do equilíbrio entre lirismo melódico e virtuosismo técnico. A versão para violino ganha uma expressividade mais incisiva do que a original para flauta, mas sem perder a elegância e leveza. É frequentemente descrita como uma sonata de claraza clássica com temperamento moderno, o que reflete bem o estilo de Prokofiev nesse período.

🎵 Interpretação:

É uma peça muito apreciada por violinistas, tanto por sua riqueza melódica quanto por sua sofisticação técnica e expressiva. A versão de David Oistrakh com Lev Oborin ao piano é uma referência absoluta. É uma obra onde se vê a mestria de Prokofiev na escrita para ambos os instrumentos, com um diálogo constante e equilibrado entre violino e piano.