Este era um período em que o opulento Romantismo tardio de Mahler, Strauss e Scriabin estava no auge. mas, tendo começado a sua carreira sinfónica com duas obras na tradição de Tchaikovski, Sibelius fez uma viragem decisiva afastando-se do Romantismo em direcção a um novo tipo de Classicismo: jogando não com os estilos antigos da Suite Holberg de Grieg ou (na década seguinte) da Sinfonia Clássica de Prokofieff, mas antes algo mais próximo do “jovem classicismo” cultivado pelo seu amigo Busoni, abstracto na concepção, fresco e claro na forma e linguagem.
Forma:
-
1º movimento (Allegro moderato) – luminoso, com uma energia rítmica quase “mecânica”, mas ainda com fluidez melódica.
-
2º movimento (Andantino con moto, quasi allegretto) – combina lirismo e ironia; é mais uma espécie de variação contínua, em vez de um desenvolvimento tradicional.
-
3º movimento (Moderato – Allegro ma non tanto) – começa como se fosse um scherzo, mas evolui para uma espécie de finale-fuga, numa síntese magistral de forma e energia, terminando com afirmação clara em dó maior.
-
-
Orquestração: mais leve, transparente, sem o peso wagneriano que ainda se sentia nas duas primeiras sinfonias. Os naipes dialogam com mais independência e clareza.
-
Estilo:
-
Mais concentrado e econômico em ideias, sem excessos.
-
Sibelius começa a trabalhar com o conceito de “metamorfose de motivos” em vez de desenvolvimento temático tradicional.
-
O resultado é uma obra enigmática, que escapa ao rótulo de romântica, mas ainda não é a severidade da 4ª (1911).
-
-
Recepção: na época, parte do público ficou desapontada por não ter a grandiosidade da 2ª sinfonia, mas hoje é considerada uma das obras mais equilibradas e originais de Sibelius.
👉 Em resumo: a 3ª sinfonia é uma ponte entre o Sibelius romântico e o Sibelius modernista, um passo em direção à sobriedade e clareza formal, quase uma “anti-sinfonia romântica”, mas ainda com vitalidade e calor humano.
Sem comentários:
Enviar um comentário