A Faust-Symphonie em três caracteres (Eine Faust-Symphonie in drei Charakterbildern), S.108, é uma das obras sinfônicas mais ambiciosas de Franz Liszt. Foi estreada em 1857 em Weimar,a 5 de Setembro, sob direção de Liszt, para celebrar os 50 anos de Goethe.
Ela não é uma sinfonia no sentido clássico (como Beethoven ou Brahms), mas sim uma obra programática inspirada diretamente em Fausto de Goethe. Liszt não se limita a narrar a história, mas procura “traduzir em música” a essência psicológica das personagens.
Estrutura
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Faust – um vasto movimento em forma sonata livre, com temas que refletem a inquietude, a dúvida e a ânsia de conhecimento do protagonista. É instável, cheio de modulações, contrastes entre energia e lirismo.
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Gretchen – movimento lírico, mais simples e terno. Aqui o tema de Fausto é transformado em algo mais sereno, como se fosse “espelhado” pela pureza de Margarida.
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Mephistopheles – não tem tema próprio; é uma paródia distorcida dos temas de Fausto, como se o diabo fosse apenas uma caricatura negativa da alma humana. Esse movimento culmina no Chorus mysticus (se incluído, já que Liszt concebeu versões diferentes), onde surge o coro masculino sobre os versos finais do Fausto II de Goethe (“Das Ewig-Weibliche zieht uns hinan” / “O eterno feminino nos atrai para o alto”).
Significado
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É considerada uma das mais radicais criações sinfónicas de Liszt, tanto pelo uso de transformação temática (cada motivo evolui, mudando de caráter, quase como uma proto-técnica de leitmotiv), quanto pela ousadia harmônica.
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Antecipou muitas técnicas do final do século XIX e influenciou compositores como Wagner, Richard Strauss e até Mahler.
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O caráter filosófico da obra reflete o fascínio de Liszt pelo mito fáustico: a eterna busca humana por transcendência, o risco da perdição, mas também a possibilidade de redenção pelo amor.
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