- Em 1860 a 7 de Julho nasce em Kalischt na Boémia Gustav Mahler que virá a morrer em 18 de Maio de 1911
Aqui trago a sua 4ª sinfonia em sol maior a mais doce de Mahler, interpretada pela Lucerne Festival Orchesta com Claudio Abbado na condução
A Sinfonia nº 4 em Sol maior de Gustav Mahler, composta entre 1899 e 1900, é talvez a mais acessível, lírica e transparente das suas sinfonias — uma obra de transição entre a leveza do romantismo tardio e a profundidade existencial das suas sinfonias mais densas.
Estrutura e Instrumentação
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É dividida em quatro movimentos, com duração total de cerca de 55 minutos.
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A orquestração é mais contida do que o habitual em Mahler, sem trombones ou tuba, o que lhe dá um som mais cintilante e arejado.
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O último movimento é um lied para soprano, baseado em um poema do ciclo “Des Knaben Wunderhorn” (O cornetim mágico do rapaz).
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Bedächtig. Nicht eilen (Comedido, sem pressa)
Um primeiro movimento leve, quase como uma pastoral, com toques irônicos e espirituosos. O uso do sino de trenó confere um brilho inocente, quase infantil. -
In gemächlicher Bewegung. Ohne Hast (Em movimento descontraído. Sem pressa)
Uma dança macabra peculiar: Mahler imaginou aqui a Morte tocando violino (o que se reflete no uso de um violino afinado um tom acima do normal). Tem um tom misterioso e lúdico. -
Ruhevoll (poco adagio)
O coração da sinfonia: um movimento sublime, calmo, profundamente contemplativo — muitos o veem como uma antevisão do paraíso. -
Sehr behaglich (Muito agradável)
Uma canção doce, quase infantil, com texto que descreve a visão de uma criança sobre o céu. Aqui, Mahler une inocência e ironia, num tom ambíguo entre a simplicidade e a transcendência.
Mahler costumava dizer que "uma sinfonia deve conter o mundo". Mas nesta, ele parece concentrar-se num mundo idealizado, quase celestial — embora com ecos de ambiguidade, já que por trás da ingenuidade há sempre uma sombra filosófica.
A ideia de céu aqui não é gloriosa e triunfante, mas simples, doméstica, quase rústica: o paraíso é feito de comida boa, música, alegria, descanso. E a morte não aparece como terror, mas como uma figura serena.
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