quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mahler-Sinfonia nº04 em sol maior


  • Em 1860 a 7 de Julho nasce em Kalischt na Boémia Gustav Mahler que virá a morrer em 18 de Maio de 1911

Aqui trago a sua 4ª sinfonia em sol maior a mais doce de Mahler, interpretada pela  Lucerne Festival Orchesta  com Claudio Abbado na condução

A Sinfonia nº 4 em Sol maior de Gustav Mahler, composta entre 1899 e 1900, é talvez a mais acessível, lírica e transparente das suas sinfonias — uma obra de transição entre a leveza do romantismo tardio e a profundidade existencial das suas sinfonias mais densas.

Estrutura e Instrumentação

  • É dividida em quatro movimentos, com duração total de cerca de 55 minutos.

  • A orquestração é mais contida do que o habitual em Mahler, sem trombones ou tuba, o que lhe dá um som mais cintilante e arejado.

  • O último movimento é um lied para soprano, baseado em um poema do ciclo “Des Knaben Wunderhorn” (O cornetim mágico do rapaz).

  1. Bedächtig. Nicht eilen (Comedido, sem pressa)
    Um primeiro movimento leve, quase como uma pastoral, com toques irônicos e espirituosos. O uso do sino de trenó confere um brilho inocente, quase infantil.

  2. In gemächlicher Bewegung. Ohne Hast (Em movimento descontraído. Sem pressa)
    Uma dança macabra peculiar: Mahler imaginou aqui a Morte tocando violino (o que se reflete no uso de um violino afinado um tom acima do normal). Tem um tom misterioso e lúdico.

  3. Ruhevoll (poco adagio)
    O coração da sinfonia: um movimento sublime, calmo, profundamente contemplativo — muitos o veem como uma antevisão do paraíso.

  4. Sehr behaglich (Muito agradável)
    Uma canção doce, quase infantil, com texto que descreve a visão de uma criança sobre o céu. Aqui, Mahler une inocência e ironia, num tom ambíguo entre a simplicidade e a transcendência.


Mahler costumava dizer que "uma sinfonia deve conter o mundo". Mas nesta, ele parece concentrar-se num mundo idealizado, quase celestial — embora com ecos de ambiguidade, já que por trás da ingenuidade há sempre uma sombra filosófica.

A ideia de céu aqui não é gloriosa e triunfante, mas simples, doméstica, quase rústica: o paraíso é feito de comida boa, música, alegria, descanso. E a morte não aparece como terror, mas como uma figura serena.


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