quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Schubert-Sinfonia nº 1 em ré maior D. 82

  • Em 1813 a 28 de Outubro, Franz Schubert completa a Sinfonia nº1 em ré maior D.82.
A Sinfonia nº 1 em ré maior, ré 82, foi composta por Franz Schubert em 1813, quando ele tinha apenas 16 anos. Apesar de sua juventude, sua primeira sinfonia é uma impressionante peça de música orquestral tanto para seu tempo quanto para seu tamanho

 Esta sinfonia é  uma joia juvenil e, ao mesmo tempo, um prenúncio de toda a sensibilidade melódica e lírica que marcaria o compositor. ,o jovem Schubert ainda estudava no Stadtkonvikt de Viena, sob forte influência de Haydn, Mozart e Beethoven.

Apesar dessa influência evidente, há ali algo já muito schubertiano: uma suavidade de transição entre temas, um sentido cantabile, quase vocal, mesmo nas linhas instrumentais. É música que respira como uma canção — e isso é raro numa sinfonia escrita por um adolescente.


  • 🎼 I – Adagio – Allegro vivace: abre com uma introdução solene, quase “à Haydn”, mas rapidamente se ilumina num allegro cheio de energia e leveza. O tema principal já traz aquela inquietação lírica que Schubert usaria mais tarde com maturidade.

  • 🌿 II – Andante: é um dos momentos mais doces da sinfonia, quase um lied sem palavras. Já se nota a busca pela melodia infinita, aquela fluidez que parecerá natural nos seus quartetos e canções.

  • 💃 III – Menuetto (Allegretto): formalmente clássico, mas com um trio central de encanto pastoral — Schubert aqui mistura a dança vienense com um lirismo inocente.

  • IV – Allegro vivace: de espírito mozartiano, mas com energia quase beethoveniana. Há vitalidade e alegria juvenil, uma espécie de celebração do som.

Em suma, é uma obra de transição entre o Classicismo e o Romantismo nascente, e uma das melhores demonstrações do instinto melódico natural de Schubert. É música de primavera — fresca, clara, mas já com nuvens de melancolia à distância.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Weber-Abertura Der Freischutz (O Caçador furtivo)

  • Em 1820 a 8 de outubro, Weber estreia em Copenhage a Abertura to Der Freischutz(O Caçador furtivo), que mais tarde faria parte duma opera com o mesmo nome. Normalmente considera-se esta como a primeira das óperas do romantismo alemão 

  • A abertura não é apenas um prelúdio “decorativo” — ela antecipa os temas e a tensão dramática da ópera.

    • Introdução lenta (Grave): abre em dó menor, com acordes graves e solenes nos sopros e cordas, evocando a floresta sombria e o caráter misterioso da história.

    • Allegro: a parte rápida introduz motivos heroicos (ligados a Max, o protagonista) e melodias líricas (associadas a Agathe), alternando luz e sombra.

    Paisagem sonora “romântica”

    Weber foi pioneiro em pintar musicalmente a natureza. Na abertura, os timbres dos clarinetes e trompas evocam os bosques alemães; os contrastes dinâmicos e harmônicos criam uma aura noturna e mágica.
    É quase possível “ouvir” o vento e sentir a presença de forças ocultas.

    Presságios do sobrenatural

    Elementos mais sombrios, especialmente na introdução e nas seções em tonalidades menores, antecipam a famosa cena do desfiladeiro (Wolfsschlucht) — o clímax satânico da ópera. Os trombones e acordes dissonantes sugerem perigo e pacto demoníaco.

    4. Técnica orquestral inovadora

    Weber usou a orquestra com grande engenhosidade:

    • Trompas com papel melódico destacado.

    • Cordas criam tensão subterrânea com tremolos.

    • O uso de cores tímbricas contrastantes prepara o caminho para Wagner — que, aliás, admirava profundamente essa abertura.

    Importância histórica

    A abertura de Der Freischütz é considerada um marco da ópera nacional alemã.
    Antes de Wagner, foi Weber quem uniu o espírito folclórico, o drama popular e a orquestra romântica. A abertura tornou-se uma peça de concerto independente, frequentemente executada sem a ópera — sinal de sua força musical autônoma.


  • Aqui numa gravação de 1970 a direcção é de Carlos Kleiber a orquestra Südfunk-Sinfonieorchester