quarta-feira, 2 de abril de 2025

Beethoven-Sinfonia Nº1 em dó maior op.21

A Sinfonia No. 1 em Dó Maior, Op. 21 de Beethoven é uma obra fascinante porque marca sua estreia no gênero sinfônico, mas já carrega indícios de sua ousadia e individualidade. Composta entre 1799 e 1800 e estreada em 2 de abril de 1800, essa sinfonia ainda tem fortes influências de Haydn e Mozart, mas Beethoven já demonstra um espírito inovador.

A sinfonia é composta por 4 andamentos. 

O primeiro andamento (Adagio molto—Allegro con brio) começa por uma espécie de introdução muito calma e uma dissonância que se pensa ter sido uma experimentação de Beethoven dado que o voltou a utilizar logo no ano seguinte. 

Alias esta dissonância que hoje não nos parece nada de transcendente foi suficientemente inovadora para valer a Beethoven uma polémica pessoal com os críticos da época nomeadamente Preindl, Stadler e Weber. 

 O segundo andamento (Andante cantabile con moto) é um dos andamentos onde se nota em simultâneo a escola de contraponto do seu mestre Albrechtsberger mas em simultâneo uma elegância e uma beleza acima de qualquer escola. 

Em termos de inovação é também neste andamento que Beethoven nos reserva uma utilização da precursão inovadora e que anuncia a verdadeira revolução que acabou por ocorrer mais tarde. 

 O terceiro andamento (Menuetto: Allegro molto e vivace) é dos quatro o que mais trouxe em termos de inovação. Na verdade embora guarde a forma do minueto Beethoven faz explodir completamente a forma tradicional desta antiga dança de salão para a transformar em algo completamente novo. Nas palavras de J. W Davison´s Beethoven terá aqui dado "Um Salto para um mundo novo". 

 Finalmente o quarto andamento (Adagio—Allegro molto e vivace) foi caracterizado por Berlioz na sua análise das nove sinfonias de Beethoven como "Uma brincadeira infantil e nada beethoviana". 

Embora ainda seja uma sinfonia com raízes clássicas, já há sinais da personalidade arrebatadora de Beethoven, que em breve revolucionaria o gênero. Gosto particularmente do modo como ele trabalha a tensão e a resolução, algo que ficaria ainda mais evidente nas sinfonias seguintes.,

terça-feira, 1 de abril de 2025

Mahler-Sinfonia nº09 em ré maior

A Nona Sinfonia de Mahler, composta entre 1908 e 1909, é uma das obras mais profundas e emocionantes do repertório sinfônico. Muitos a interpretam como uma despedida, pois foi a última sinfonia completa que Mahler escreveu antes de sua morte em 1911.

Um desempenho típico leva cerca de 75 a 90 minutos. Uma pesquisa com maestros elegeu a Sinfonia nº 9 de Mahler como a quarta maior sinfonia de todos os tempos numa votação conduzida pela BBC Music Magazine em 2016. 


Como no caso de seu anterior Das Lied von der Erde, Mahler não viveu para ver sua Sinfonia nº 9 ser executada. 

  
A pontuação foi concluída em 1º de abril de 1910

Estrutura e Significado

  1. Andante comodo – O primeiro movimento tem uma melancolia que alterna entre doçura e desespero. A pulsação irregular inicial lembra uma arritmia cardíaca, possivelmente relacionada à condição de Mahler, que sabia ter problemas no coração.

  2. Im Tempo eines gemächlichen Ländlers – Um segundo movimento que brinca com um Ländler (dança folclórica austríaca), mas com distorções grotescas, dando um tom sarcástico e desconfortável.

  3. Rondo-Burleske – Um terceiro movimento frenético, cheio de ironia e sarcasmo, quase uma zombaria da própria arte.

  4. Adagio – O último movimento é uma despedida lenta e sublime, onde os sons parecem se dissolver no silêncio. É um dos finais mais emocionantes da música clássica.

Por que é tão marcante?

  • O Adagio final é frequentemente visto como Mahler aceitando a morte.

  • A obra não termina com um grande clímax, mas sim com um apagamento gradual, quase como se a música desaparecesse no nada.

  • Foi admirada por compositores como Alban Berg, que disse que a sinfonia "expressa um amor imenso pela Terra, pelo destino, pela vida".

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segunda-feira, 31 de março de 2025

Mozart-Piano Concerto nº16 em ré maior K451

O Piano Concerto nº 16 em Ré Maior, K. 451 de Mozart é uma obra vibrante e virtuosa, composta em 1784, durante um dos períodos mais produtivos do compositor. Esse concerto é conhecido por sua grandiosidade orquestral, energia contagiante e momentos de brilho pianístico.

  • Em 1784, a 31 dde Março,  Mozart estreia em Viena o Piano Concerto No. 16 in ré, K. 451 sendo o compositor o solista.
aqui a interpretação é de Lars Vogt,  no piano e a 

Verbier Festival Chamber Orchestra sob a direcção de Gábor Tákacs-Nagy



Algumas características marcantes:

  • 1º movimento (Allegro): Cheio de vigor, com uma introdução orquestral imponente, logo dando espaço para um piano ágil e articulado, que dialoga intensamente com a orquestra.

  • 2º movimento (Andante): Mais lírico e introspectivo, com um caráter quase operístico, explorando belas melodias e contrastes sutis.

  • 3º movimento (Allegro assai): Um final entusiasmante, cheio de leveza e brilho, onde Mozart combina o virtuosismo do piano com uma orquestra que responde de forma dinâmica e enérgica.

Esse concerto se destaca pela sua orquestração rica (com trompetes e tímpanos, algo que Mozart nem sempre usava nos concertos anteriores), conferindo-lhe um caráter festivo e heroico. É um exemplo perfeito da maturidade criativa de Mozart e de sua habilidade em equilibrar complexidade técnica com expressão musical acessível e emocionante..

sexta-feira, 28 de março de 2025

Smetana-String Quartet nº 1 em mi menor

O String Quartet No. 1 em Mi Menor, de Bedřich Smetana, é uma obra profundamente autobiográfica, intitulada "From My Life" ("Do Meu Vida", em tradução livre). Ele compôs essa peça em 1876, já enfrentando a surdez, o que influencia diretamente a sua música.

Em 1879,a 28 de Março, Smetana estreia em Praga o seu String Quartet nº 1 em mi menor, com Ferdinand Lachner, Jan Pelikán, nos violinos. Josef Krehan, viola e Alois Neruda no cello.



Estrutura e Características:

O quarteto tem quatro movimentos, cada um representando aspectos importantes da vida de Smetana:

  1. Allegro vivo appassionato – Expressa sua juventude cheia de entusiasmo pela arte e pela música, com melodias intensas e apaixonadas.

  2. Allegro moderato alla polka – É uma polca animada, refletindo o amor de Smetana pela dança e pela música popular tcheca.

  3. Largo sostenuto – Um movimento introspectivo, cheio de lirismo e emoção, representando o amor e a felicidade em sua vida.

  4. Vivace – Começa de forma vibrante, mas, perto do final, um som agudo e insistente surge nos violinos, simbolizando o zumbido no ouvido que prenunciou sua surdez.

Este quarteto é uma das obras mais pessoais e emocionantes de Smetana, pois narra sua trajetória, desde a paixão pela música até o trágico destino de perder a audição..

segunda-feira, 24 de março de 2025

Mozart-Piano Concerto nº15 em ré maior K450

O Piano Concerto No. 15 em Ré Maior, K. 450 de Mozart é uma obra vibrante e virtuosa, composta em 1784, durante um período extremamente prolífico para os concertos para piano do compositor. Esse concerto se destaca pela sua energia luminosa, riqueza orquestral e exigências técnicas para o solista.

Estrutura e Características:

  1. Allegro – O primeiro movimento começa com um caráter majestoso e afirmativo, estabelecendo um diálogo engenhoso entre a orquestra e o piano. A escrita para o piano é altamente ornamentada, revelando a sofisticação de Mozart.

  2. Andante – O segundo movimento contrasta com o primeiro, trazendo um lirismo introspectivo e expressivo, onde o piano parece quase cantar.

  3. Allegro – O terceiro movimento é espirituoso e cheio de vivacidade, destacando a leveza e fluidez típicas de Mozart, com passagens que desafiam o intérprete com sua agilidade e brilho técnico.

Este concerto é frequentemente considerado um dos mais exigentes do conjunto mozartiano devido à complexidade da parte do piano. O próprio Mozart, que era um pianista brilhante, tocava-o nas suas apresentações em Viena.,

Estreou em Viena a 24 de Março de 1784 sendo Mozart o solista