Em 1943 a 11 de Agosto, Richard Strauss estreia no Festival de Salzburgo a o seu Horn Concerto nº 2 em mi bemol maior, tocado pela Vienna Philharmonic conduzida por Karl Böhm, com Gottfried von Freiburg como solista
O Concerto para Trompa nº 2 em Mi bemol maior, de Richard Strauss, é uma das obras tardias do compositor, escrita em 1942, quando ele já tinha 78 anos. É curioso porque, apesar de ter sido criado no auge da Segunda Guerra Mundial, a música soa luminosa, serena e quase clássica na sua forma — como se Strauss estivesse a dialogar com Mozart e o período vienense, e não com o mundo caótico à sua volta.
Alguns pontos marcantes:
-
Estilo – É mais contido e transparente do que as obras orquestrais grandiosas da juventude de Strauss (como Don Juan ou Uma Vida de Herói). Aqui ele adota uma escrita mais clara, com texturas leves, mas sempre com sua assinatura melódica.
-
Estrutura – Segue o formato tradicional em três movimentos:
-
Allegro – brilhante, ágil, com passagens virtuosísticas para trompa, lembrando o espírito mozartiano.
-
Andante con moto – lírico e contemplativo, com momentos de grande calor expressivo.
-
Rondo (Allegro molto) – alegre e saltitante, com certo humor e vitalidade surpreendentes para um compositor tão idoso.
-
Técnica da trompa – É uma verdadeira prova de resistência e agilidade para o trompista. A escrita pede precisão nas notas agudas e clareza nas rápidas articulações, algo que combina com a afinidade de Strauss com o instrumento (o pai dele, Franz Strauss, era um renomado trompista).
-
Caráter emocional – Não é uma obra dramática; soa mais como um gesto de paz interior, quase uma despedida elegante e otimista.
Se quisermos resumir, o Horn Concerto nº 2 é uma espécie de homenagem de Strauss à tradição clássica, escrita com a sabedoria e simplicidade que só um compositor veterano poderia alcançar.
Aqui a interpretação é de Dennis Brain como solista sob direcção da Philharmonia Orchestra conduzida por Wolfgang Sawallisch