Karl Amadeus Hartmann (1905–1963) foi um compositor alemão que se destacou por ser uma voz de resistência ao nazismo. Ele recusou-se a colaborar com o regime e, durante o Terceiro Reich, entrou em uma espécie de “exílio interno”: não teve suas obras executadas oficialmente, mas continuou compondo em silêncio. Depois da guerra, tornou-se uma das figuras centrais da música contemporânea alemã, fundador do festival Musica Viva em Munique.
A Sinfonia nº 2
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Composição: 1942 (durante a guerra), revisada em 1945–46.
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Estreia: 1947, em Viena, sob regência de Ferenc Fricsay.
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Duração: cerca de 15–18 minutos.
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Instrumentação: Orquestra de cordas.
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Caráter: É uma sinfonia curta, em um só movimento contínuo, mas estruturada em seções contrastantes.
Estilo e linguagem
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Escrita apenas para cordas, a obra é densa, expressiva e fortemente marcada pela tensão histórica de sua época.
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Hartmann mescla elementos neoclássicos, contraponto rigoroso e influências de Mahler, Hindemith e até Bartók.
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Apesar da concisão, a música transmite uma carga emocional intensa, com passagens líricas e dramáticas que lembram um lamento.
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O clima é de resistência, dor e esperança, refletindo o espírito de oposição ao nazismo.
Estrutura (visão geral)
Embora não siga a forma tradicional de sinfonia em quatro movimentos, pode-se perceber:
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Abertura sombria, quase elegíaca.
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Seção central mais rítmica e agitada, com energia e tensão acumulada.
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Retorno ao lirismo, com um final mais sereno, que sugere resignação ou esperança contida.
Importância
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É considerada a obra que lançou Hartmann internacionalmente após a guerra.
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Marca sua consolidação como sinfonista: ele acabaria escrevendo 8 sinfonias no total.
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A Sinfonia nº 2 já apresenta aquela dualidade típica dele: um lamento pelo sofrimento humano e, ao mesmo tempo, um gesto de resistência espiritual.
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