O Poema Sinfónico nº 2 de Franz Liszt, Tasso, Lamento e Trionfo, é uma das obras mais representativas do projeto lisztiano de transformar a música orquestral em narrativa poética.
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Data e contexto: A primeira versão foi escrita em 1849, em Weimar, como música incidental para a peça Torquato Tasso de Goethe, mas Liszt reviu profundamente a partitura em 1851 e depois em 1856, resultando no que conhecemos como o segundo de seus treze poemas sinfónicos.
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Inspiração: O protagonista é Torquato Tasso (1544–1595), poeta italiano marcado pela genialidade e pelo sofrimento, cuja vida oscilou entre o brilho da corte e a alienação mental. Liszt viu nele um símbolo romântico do artista incompreendido.
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Estrutura:
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A obra tem dois grandes eixos contrastantes:
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Lamento – em tom menor, sombrio, melancólico, com uma melodia de caráter quase vocal, expressando a dor de Tasso.
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Trionfo – em tom maior, grandioso, transformando o tema inicial numa marcha triunfal, que representa a consagração póstuma do poeta.
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O processo musical é essencialmente transformacional: Liszt pega um motivo inicial e o metamorfoseia, como se mostrasse o destino de Tasso através da própria música.
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Estilo: O caráter é marcadamente romântico, com contrastes fortes de dinâmica, orquestração rica (Liszt usa madeiras e metais para colorir os momentos de dor e triunfo) e um lirismo que por vezes lembra a escrita pianística transposta para a orquestra.
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Receção: Apesar de não ser o mais popular dos poemas sinfónicos de Liszt (como Les Préludes), Tasso é admirado pela profundidade expressiva e pela forma como condensa a figura romântica do “gênio sofredor” que encontra redenção na memória da posteridade.
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