Ela ocupa um lugar curioso na produção do compositor:
-
Contexto histórico:
Foi escrita logo após a morte de Stalin (1953) e a posterior relativa abertura sob Khrushchev. Shostakovich já tinha oferecido em 1939 a famosa Sinfonia n.º 5, oficialmente recebida como a “resposta justa” às críticas de censura, mas na verdade cheia de ironia. A 12.ª, no entanto, soa muito mais direta e “programática”, dedicada explicitamente a Lenine (Shostakovich chegou a afirmar que era em memória dele). -
Estrutura:
É uma das sinfonias mais curtas do compositor e tem quatro movimentos tocados sem pausa:-
Revolução
-
Razliv (lugar de exílio temporário de Lenin)
-
Aurora (o famoso navio Aurora, que disparou o tiro de sinal para o assalto ao Palácio de Inverno)
-
A aurora da humanidade
-
-
Estilo musical:
-
Ao contrário da profundidade sombria da 11.ª (“O Ano de 1905”), a 12.ª é muito mais direta, quase como uma sinfonia de propaganda.
-
O discurso musical é vigoroso, com uso constante de marchas, fanfarras e motivos repetitivos.
-
Alguns críticos a acusam de ser “oficial demais”, sem a ironia ou a ambiguidade típica de Shostakovich. Outros, porém, defendem que há subtilezas escondidas: momentos de tensão, instabilidade harmônica e um final que pode soar mais forçado do que triunfante.
-
-
Receção:
Na estreia (Leningrado, 1961), foi recebida com entusiasmo oficial — era o tipo de obra que o regime queria ouvir. Mas a crítica internacional muitas vezes a coloca entre as sinfonias “menores” de Shostakovich, especialmente quando comparada às 8.ª, 10.ª ou 15.ª.
Ainda assim, alguns maestros (como Kirill Kondrashin e Maxim Shostakovich, o filho do compositor) souberam trazer à tona uma leitura mais intensa e menos panfletária.
Sem comentários:
Enviar um comentário