quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Shostakovitch-Sinfonia nº12 em ré menor op112

A Sinfonia n.º 12 em ré menor, Op. 112, de Dmitri Shostakovich, foi composta em 1961 e tem como subtítulo “O ano de 1917”, uma clara referência à Revolução Russa.
Em 1961 a 1 de Outubro estreada em Leninegrado interpretado pela Leningrad Philharmonic, dirigida por Yevgeny Mravinsky. 

Ela ocupa um lugar curioso na produção do compositor:

  • Contexto histórico:
    Foi escrita logo após a morte de Stalin (1953) e a posterior relativa abertura sob Khrushchev. Shostakovich já tinha oferecido em 1939 a famosa Sinfonia n.º 5, oficialmente recebida como a “resposta justa” às críticas de censura, mas na verdade cheia de ironia. A 12.ª, no entanto, soa muito mais direta e “programática”, dedicada explicitamente a Lenine (Shostakovich chegou a afirmar que era em memória dele).

  • Estrutura:
    É uma das sinfonias mais curtas do compositor e tem quatro movimentos tocados sem pausa:

    1. Revolução

    2. Razliv (lugar de exílio temporário de Lenin)

    3. Aurora (o famoso navio Aurora, que disparou o tiro de sinal para o assalto ao Palácio de Inverno)

    4. A aurora da humanidade

  • Estilo musical:

    • Ao contrário da profundidade sombria da 11.ª (“O Ano de 1905”), a 12.ª é muito mais direta, quase como uma sinfonia de propaganda.

    • O discurso musical é vigoroso, com uso constante de marchas, fanfarras e motivos repetitivos.

    • Alguns críticos a acusam de ser “oficial demais”, sem a ironia ou a ambiguidade típica de Shostakovich. Outros, porém, defendem que há subtilezas escondidas: momentos de tensão, instabilidade harmônica e um final que pode soar mais forçado do que triunfante.

  • Receção:
    Na estreia (Leningrado, 1961), foi recebida com entusiasmo oficial — era o tipo de obra que o regime queria ouvir. Mas a crítica internacional muitas vezes a coloca entre as sinfonias “menores” de Shostakovich, especialmente quando comparada às 8.ª, 10.ª ou 15.ª.
    Ainda assim, alguns maestros (como Kirill Kondrashin e Maxim Shostakovich, o filho do compositor) souberam trazer à tona uma leitura mais intensa e menos panfletária.

 

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