-
Título original: Variations on a Theme of Corelli, Op. 42
-
Compositor: Sergei Rachmaninov (1873–1943)
-
Ano de composição: 1931
-
Estreia: 12 de outubro de 1931, em Montreal, com o próprio Rachmaninov ao piano.
-
Duração média: cerca de 18–20 minutos
-
Instrumentação: piano solo
-
Número de variações: 20, mais uma Cadenza e uma Coda.
O “Tema de Corelli”
Apesar do título, o tema não é de Arcangelo Corelli propriamente dito.
Rachmaninov usou o célebre tema “La Folia”, uma progressão harmónica de origem ibérica (possivelmente portuguesa ou espanhola) que foi popularizada por muitos compositores barrocos, entre eles Corelli (na sua Sonata Op. 5 n.º 12 para violino e contínuo).
Portanto, o “tema de Corelli” é na verdade La Folia na versão corelliana.
O tema tem 16 compassos e uma harmonia muito reconhecível, sobre a qual inúmeros compositores criaram variações ao longo dos séculos.
Estrutura
A obra é construída assim:
-
Tema – apresentado de forma sóbria e clara.
-
Variações I–XIII – desenvolvem o tema com crescente virtuosismo, alternando climas líricos e tempestuosos.
-
Intermezzo (Andante) – uma pausa contemplativa após a Variação XIII.
-
Variações XIV–XX – retomam o fluxo, atingindo grande intensidade técnica e emocional, incluindo uma Cadenza (quase improvisatória) antes da Variação XIX.
-
Coda – surpreendentemente tranquila e introspectiva, contrastando com o clímax anterior.
Características musicais
-
Economia temática: toda a obra nasce de um único tema, que Rachmaninov transforma com extraordinária imaginação.
-
Equilíbrio entre lirismo e virtuosismo: embora haja passagens extremamente exigentes, é uma obra mais íntima do que, por exemplo, os Concertos para Piano.
-
Estilo tardio: composta depois da sua emigração definitiva para os EUA, mostra um Rachmaninov mais contido, com harmonias sofisticadas e um toque quase neoclássico.
-
Liberdade interpretativa: Rachmaninov costumava pular variações ao vivo se sentisse que o público estava cansado — especialmente nos EUA, onde ele dizia que “o público americano boceja se não há fogo-de-artifício a cada minuto”. Numa gravação sua, ele omite 5 variações.
Importância
-
Foi a última grande obra original para piano solo de Rachmaninov.
-
Mostra a sua habilidade como pianista-compositor maduro, capaz de unir forma clássica (variações sobre La Folia) a uma linguagem harmónica pessoal e moderna.
-
Hoje é considerada uma peça de recital de alto nível técnico e expressivo, frequentemente programada por pianistas que desejam mostrar profundidade interpretativa além do virtuosismo
Sem comentários:
Enviar um comentário