quarta-feira, 28 de julho de 2010

Berlioz-Grande sinfonia fúnebre e triunfal op.15


Em 1840 Hector Berlioz estreia em Paris a sua 4ª e última sinfonia a Grande sinfonia fúnebre e triunfal op.15, sob sua direcção que fez com uma espada

A sinfonia foi uma encomenda do governo francês, que queria comemorar o décimo aniversário da Revolução de Julho que trouxe Luís Filipe ao poder
Berlioz tinha pouca simpatia para o regime, mas ele aceitou a oportunidade de escrever a obra que lhe trouxe um pagamento de 10.000 francos. .

Na verdade, acredita-se que grande parte do trabalho baseia-se em material que tinha sido composta muito tempo antes.

Esta estreia aconteceu no 90º aniversário da morte de Bach
  • Destinava-se originalmente a um desfile ao ar livre, acompanhando a trasladação dos restos mortais dos combatentes revolucionários até a Coluna de Julho, na Place de la Bastille.

  • Composta para banda militar (de sopros e percussão) — uma escolha prática e simbólica, alinhada à natureza cívico-militar da cerimônia.


Estrutura da obra

A sinfonia tem três movimentos:

  1. Marche funèbre (Marcha Fúnebre)

    • Tons sombrios e cerimoniais.

    • Reminiscente do estilo fúnebre de um Requiem instrumental.

    • O caráter é grave, com força emocional contida e pompa solene.

  2. Oraison funèbre (Oração Fúnebre)

    • Introduz um solo de trombone (poderoso e declamatório), quase como uma oração lírica.

    • Aqui, Berlioz atinge momentos de grande intensidade dramática, evocando uma espécie de eloquência heroica.

  3. Apothéose (Apoteose)

    • Triunfante e vibrante, celebra o sacrifício dos heróis.

    • Em apresentações de sala de concerto, Berlioz acrescentou cordas (não presentes na versão original de desfile), enriquecendo a textura e o impacto sinfônico.

  • Berlioz era mestre da orquestração, mesmo aqui lidando com os limites de uma banda militar. Ele explora magistralmente os timbres de metais e percussão, criando efeitos dramáticos.

  • A obra equilibra solenidade e exaltação com um sentido cerimonial claro.

  • Não é uma sinfonia "absoluta" no estilo beethoveniano, mas uma música funcional com alto valor artístico, pensada para um evento específico — como também acontece com a Grande Messe des Morts.

  • Curiosidades e recepção

  • Wagner admirava o poder da peça, especialmente o segundo movimento.

  • Liszt transcreveu a obra para piano — o que mostra seu prestígio no século XIX.

  • Hoje é raramente tocada fora de contextos especiais, mas é estudada como exemplo da música de função pública com ambição sinfónica.




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