Destinava-se originalmente a um desfile ao ar livre, acompanhando a trasladação dos restos mortais dos combatentes revolucionários até a Coluna de Julho, na Place de la Bastille.
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Composta para banda militar (de sopros e percussão) — uma escolha prática e simbólica, alinhada à natureza cívico-militar da cerimônia.
Estrutura da obra
A sinfonia tem três movimentos:
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Marche funèbre (Marcha Fúnebre)
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Tons sombrios e cerimoniais.
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Reminiscente do estilo fúnebre de um Requiem instrumental.
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O caráter é grave, com força emocional contida e pompa solene.
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Oraison funèbre (Oração Fúnebre)
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Introduz um solo de trombone (poderoso e declamatório), quase como uma oração lírica.
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Aqui, Berlioz atinge momentos de grande intensidade dramática, evocando uma espécie de eloquência heroica.
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Apothéose (Apoteose)
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Triunfante e vibrante, celebra o sacrifício dos heróis.
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Em apresentações de sala de concerto, Berlioz acrescentou cordas (não presentes na versão original de desfile), enriquecendo a textura e o impacto sinfônico.
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Berlioz era mestre da orquestração, mesmo aqui lidando com os limites de uma banda militar. Ele explora magistralmente os timbres de metais e percussão, criando efeitos dramáticos.
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A obra equilibra solenidade e exaltação com um sentido cerimonial claro.
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Não é uma sinfonia "absoluta" no estilo beethoveniano, mas uma música funcional com alto valor artístico, pensada para um evento específico — como também acontece com a Grande Messe des Morts.
Curiosidades e recepção
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Wagner admirava o poder da peça, especialmente o segundo movimento.
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Liszt transcreveu a obra para piano — o que mostra seu prestígio no século XIX.
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Hoje é raramente tocada fora de contextos especiais, mas é estudada como exemplo da música de função pública com ambição sinfónica.
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