A Sonata para violino e piano em Lá maior, K. 526, de Mozart, é uma das obras mais notáveis do seu catálogo de sonatas para violino. Ele a compôs em 1787, estreou a 24 de Agosto em Viena — o mesmo ano do Don Giovanni —, o que já dá uma ideia da intensidade criativa em que Mozart vivia naquele período.
Alguns pontos que vale destacar:
-
Caráter virtuosístico: diferente de sonatas anteriores, onde o violino muitas vezes tinha papel mais modesto em relação ao piano, aqui os dois instrumentos estão em pé de igualdade. O violino exige técnica apurada, e o piano também tem passagens brilhantes, quase de concerto.
-
Estrutura: segue o modelo clássico de três movimentos:
-
Molto allegro (em forma sonata) – vivo, cheio de energia e diálogos entre piano e violino.
-
Andante – mais lírico e intimista, em Ré maior, com caráter quase operístico, como uma ária calma no meio da peça.
-
Presto – um rondó cheio de brilho e humor, exigindo enorme destreza dos intérpretes.
-
-
Estilo: a peça já mostra Mozart a experimentar um equilíbrio entre lirismo e virtuosismo, quase antecipando o estilo de Beethoven. Muitos comentadores apontam que essa sonata tem uma energia “sinfônica” dentro da forma camerística.
-
Dificuldade: está entre as mais difíceis do ciclo, tanto para violinistas quanto para pianistas, justamente pelo virtuosismo, pela clareza necessária e pela velocidade dos movimentos extremos.
Diria que a K. 526 é uma obra que não só exibe a genialidade técnica de Mozart, mas também a sua capacidade de transformar uma sonata em algo profundamente expressivo, quase teatral...
Sem comentários:
Enviar um comentário