João de Sousa Carvalho foi uma das figuras mais relevantes da música portuguesa da segunda metade do séc. XVIII, destacando-se sobretudo no campo da ópera e da música religiosa.
Iniciou os seus estudos musicais no Colégio dos Santos Reis Magos, em Vila Viçosa, prosseguindo-os depois em Lisboa, no Seminário da Patriarcal.
Em 1761 ingressou no Conservatório de Santo Onofre a Capuana, em Nápoles, juntamente com os irmãos Jerónimo e Brás Francisco de Lima, Joaquim de Oliveira, José de Almeida e Camilo Cabral, a expensas do rei D. José I, grande impulsionador da atividade operática na corte portuguesa.
De regresso a Portugal ocupou o lugar de professor de contraponto e, mais tarde, de Mestre do Seminário da Patriarcal, onde viria a ter como alunos alguns destacados compositores da geração seguinte (António Leal Moreira, Marcos Portugal e João José Baldi, entre outros).
Em 1778 sucedeu ao napolitano David Perez como professor de música dos Infantes e como compositor oficial da corte.
Faleceu a 3 de Agosto de 1798, tendo sido sepultado na Igreja dos Religiosos de Santo Agostinho da Boa Hora, em Belém.
À semelhança da maior parte dos seus contemporâneos, Sousa Carvalho repartiu a sua atividade entre a música religiosa e a música dramática, usando em ambos os géneros uma linguagem estética muito semelhante.
No domínio sacro, chegaram até nós 17 obras em manuscritos autógrafos, das quais fazem parte sete missas, três Te Deum, três salmos, um motete e a oratória Isaco figura del Redentore.
Subsistem ainda cerca de 30 partituras de autoria provável identificadas apenas com o nome João de Sousa ou Giovanni di Souza, de acordo com uma prática corrente na época, que consistia em abreviar e/ou italianizar os nomes.
A dificuldade em estabelecer a autoria segura deve-se ao facto de ter existido na época um outro compositor de música sacra o organista da Capela Real da Ajuda João de Sousa Vasconcelos e Brito (1723-1799) cuja música se encontra também frequentemente identificada com o nome abreviado.
Curiosamente, também a importância de Sousa Carvalho no campo da música de tecla, sustentada até há pouco tempo pela literatura musicológica e por várias gravações e edições modernas, resulta de um equívoco, uma vez que, das sonatas que lhe eram atribuídas, apenas uma (Sonata em Ré M) é, de facto, da sua autoria.
A produção dramática de Sousa Carvalho inclui cinco óperas e dez serenatas, um género semi-operático de dimensões reduzidas que se executava em versão de concerto.
A sua primeira ópera, La Nitteti, sobre libreto de Metastasio, foi representada em Roma, no Teatro delle Dame, no Carnaval de 1766, enquanto as restantes foram estreadas em Lisboa nos teatros da corte.
Grande parte da obra de Sousa Carvalho carece ainda de divulgação e estudo, mas pode dizer-se que, em geral, esta encontra fortes pontos de contacto com as tendências estéticas do pós-barroco, em especial com o chamado estilo galante, caracterizando-se por uma harmonia relativamente simples e uma fecunda inspiração melódica.
Dueto L'Amore Industrioso
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