Em 1965 a 15 de Julho, Leonard Bernstein estreia em New York a sua Chicheste Psalms com a New York Philharmonic dirigida pelo próprio
Os Chichester Psalms são uma das obras corais mais marcantes do compositor americano Leonard Bernstein, compostos em 1965 por encomenda do Festival de Chichester, na Inglaterra. É uma obra profundamente espiritual, rítmica e emocional, que mistura elementos da tradição judaica com uma linguagem musical moderna e energética.
🔹 Estrutura
É composta por três movimentos, todos cantados em hebraico, com textos retirados dos Salmos bíblicos:
1º Movimento: Salmos 108 e 100
→ Uma celebração rítmica, alegre e vigorosa, com destaque para as complexidades métricas e os ritmos dançantes.
2º Movimento: Salmo 23 (com solo de menino ou contratenor) entrelaçado com o Salmo 2
→ É o coração lírico da obra. O salmo “O Senhor é meu pastor” é interrompido por um coro agressivo cantando “Por que se amotinam os gentios?” – criando um contraste dramático.
3º Movimento: Salmos 131 e 133
→ Um movimento final de reconciliação e serenidade, terminando com a frase “Hinei ma tov u’ma na’im” (Quão bom e agradável é... que os irmãos vivam em união).
Estilo musical
Mistura tonalidade tradicional com harmonias modernas e dissonâncias leves.
Ritmos irregulares e mudanças de compasso frequentes.
Fortes influências do jazz, da música coral anglicana e da tradição litúrgica hebraica.
O uso do hebraico dá à obra um tom de reverência ancestral, mas com a vitalidade do século XX.
🔹 Mensagem
Bernstein dizia que queria expressar fé inocente e esperança, contrastando com a turbulência política e cultural dos anos 60. Mesmo após a estreia, ele dizia que os Chichester Psalms eram “o mais próximo que ele chegou de escrever algo puro e religioso.”
Em 1901 a 14 de julho, nasceu em Londre o compositor Gerald Finzi que viria a morrer em Oxford a 27 de Setembro de 1956
Aqui se apresenta o seu Romance em mi sustenido maior op,11
A Romance em Mi sustenido maior, Op. 11, de Gerald Finzi, é uma peça orquestral breve, mas profundamente expressiva, composta em 1928. É um dos seus poucos trabalhos puramente orquestrais, sem voz — o que já é notável, dado o foco predominante de Finzi em canções e música coral com poesia inglesa.
Caráter da obra
Atmosfera lírica e introspectiva: Fiel ao estilo de Finzi, a peça tem uma qualidade pastoral, melancólica e contemplativa. A música flui com uma ternura serena, criando uma sensação de saudade e beleza tranquila.
Harmonia refinada: A tonalidade de mi sustenido maior (uma enharmonia pouco comum) contribui para a cor tímbrica etérea e pouco usual da obra.
Frases longas e cantáveis: É quase como se a orquestra estivesse a cantar sem palavras. A peça lembra vagamente o espírito de Elgar ou Vaughan Williams, mas com uma voz própria — mais íntima e recatada.
Contexto estilístico
Finzi foi um compositor sensível à transitoriedade da vida, à perda e à beleza fugaz — temas que atravessam sua obra. Embora Romance não tenha texto, carrega essa mesma aura emocional.
Musicalmente, situa-se entre o pós-romantismo inglês e o impressionismo pastoral, com forte influência da música coral inglesa e das melodias folclóricas.
Em 1726 a 8 de Julho, morte em Modena do compositor italiano Antonio Maria Bononcini que nascera na mesma cidade em 18 de Junho de 1677.o irmão mais novo do mais conhecido Giovanni Battista Bononcini .
Aqui trago o seu Stabat Mater
O Stabat Mater em dó menor de Antonio Maria Bononcini (1677–1726) é uma obra-prima do Barroco tardio que merece mais atenção do que frequentemente recebe.Composta por volta de 1710, esta peça sacra destaca-se pela sua expressividade emocional, complexidade contrapontística e pelo uso inovador de recursos orquestrais e vocais
O Stabat Mater de Bononcini é escrito na tonalidade de dó menor, conferindo-lhe uma tonalidade sombria e introspectiva.A obra é composta por 14 seções, alternando entre coros e árias solistas, com destaque para os momentos de grande tensão emocional, como o "Pro peccatis" e o "Fac me tecum flere" . A orquestração é rica e variada, utilizando violinos, baixo contínuo e, em algumas passagens, instrumentos de cordas duplas, criando uma textura sonora densa e expressiva.
O Stabat Mater de Bononcini é uma obra que combina a profundidade emocional da música sacra com a complexidade técnica do Barroco, oferecendo uma experiência auditiva rica e comovente.
Em 1860 nasceu em Kalischt na Boémia o compositor e condutor Gustav Mahler. Viria a morrer em Viena a 18 de Maio de 1911
A Sinfonia nº 5 em Dó sustenido menor de Gustav Mahler é uma das obras mais intensas, complexas e emocionalmente poderosas do repertório sinfônico. Composta entre 1901 e 1902, marca uma viragem no estilo de Mahler — afastando-se das suas primeiras sinfonias, que incluíam vozes, e abraçando um universo puramente orquestral mais dramático, introspectivo e estruturada
Estrutura da Sinfonia
A obra é dividida em cinco movimentos, agrupados em três grandes partes:
Parte I
I. Trauermarsch (Marcha Fúnebre) – um início sombrio e solene, com destaque para o solo de trompete logo de abertura, que se tornou emblemático.
II. Stürmisch bewegt (Tempestuoso) – violento e dramático, como uma luta interior com momentos de fúria e agonia.
Parte II
III. Scherzo – mais extenso, cheio de ironia, dança e ambiguidade. É ao mesmo tempo leve e inquietante, com solos de trompa de grande destaque.
Parte III
IV. Adagietto – o movimento mais famoso, composto apenas para cordas e harpa. É muitas vezes interpretado como uma carta de amor à esposa de Mahler, Alma. Tornou-se célebre também por sua utilização no filme Morte em Veneza (1971), de Visconti.
V. Rondo-Finale – um retorno à luz e à vitalidade, celebrando a vida com energia contrapontística e esperança renovada.
A Quinta é frequentemente vista como uma viagem da escuridão para a luz, da dor à alegria — um pouco à semelhança da 5ª de Beethoven, mas com linguagem musical muito mais moderna e densa.
Sem programa declarado: Ao contrário das sinfonias anteriores, Mahler pediu explicitamente que o público não procurasse um "programa" narrativo na Quinta. Queria que fosse apreciada puramente como música absoluta.
Tensão e lirismo: Alterna passagens de intensidade extrema com momentos de lirismo puro (especialmente no Adagietto).
Modernidade: A orquestração é sofisticada, e a linguagem harmônica e rítmica mostra Mahler a romper com o romantismo tardio e a apontar para o século XX.
Aqui a interpretação da 5º sinfonia sob direcção de Claudio Abbado que estreou no dia 18 de Outbro de 1904