..O Concerto Grosso n.º 1 em Si bemol maior, Op. 6, HWV 319 de Georg Friedrich Handel faz parte de um conjunto de doze concerti grossi que o compositor publicou em Londres, em 1739. Esse ciclo é conhecido como Concerti Grossi, Opus 6 e é considerado uma das obras-primas de Handel no gênero instrumental.
Aqui vão alguns pontos principais:
📅 Composição e publicação: Handel escreveu esses concertos em apenas cerca de um mês (setembro-outubro de 1739). Foram publicados em Londres no mesmo ano, pela editora Walsh.
🎼 Forma: O Concerto Grosso n.º 1 segue o modelo do concerto grosso à la Corelli — isto é, contraste entre o concertino (pequeno grupo solista, geralmente dois violinos e violoncelo) e o ripieno (orquestra completa).
🎵 Estrutura dos movimentos:
A tempo giusto (grave e solene, estilo francês de abertura)
Allegro (vivaz, com passagens fugadas)
Adagio (lírico e expressivo)
Allegro (dançante, cheio de energia)
🎻 Estilo: O concerto mostra a fusão do estilo italiano (Corelli, Vivaldi) com elementos franceses e ingleses. Handel usa contraponto rigoroso, mas também melodias muito cantáveis.
✨ Importância: O Op. 6 de Handel é frequentemente comparado aos Concerti Grossi, Op. 6 de Corelli (que eram referência absoluta no gênero). Handel, no entanto, dá um caráter mais dramático e variado, refletindo sua experiência com óperas e oratórios.
O Concerto para Violino nº 2 em dó sustenido menor, op. 129, de Dmitri Shostakovitch, é uma das últimas grandes obras concertantes dele, escrito em 1967 para o violinista David Oistrakh (a quem também dedicara o Concerto nº 1). É uma peça de maturidade, muito mais contida e sombria que o nº 1, e considerada difícil, tanto técnica como musicalmente.
Foi a 26 de Setembro em 1967 que Shostakovich estreou este Violino Concerto nº2 sendo solista ( não posia deixar de ser) David Oistrakh e Kiril Kondrashin o condutor A frente da Moscow Philharmonic.
Alguns pontos marcantes:
Caráter geral:
Diferente da energia explosiva e quase sarcástica do Concerto nº 1, este tem um tom mais introspectivo, austero e sombrio. É um concerto de economia de gestos, mas com uma densidade expressiva impressionante.
Estrutura:
I. Moderato – Um primeiro movimento quase meditativo, cheio de longas linhas melódicas, contrastes súbitos e uma orquestração contida (mais camerística que sinfônica). O violino se move entre lirismo e dureza.
II. Adagio – O coração do concerto. Uma melodia lenta, melancólica, quase fúnebre, que vai sendo intensificada em clímax de grande força. É um dos movimentos mais líricos que Shostakovitch escreveu para violino.
III. Adagio – Allegro – O finale tem o formato de rondó com elementos de dança grotesca, cheio de ironia, ritmos cortantes e toques de humor negro típicos do compositor. Termina de maneira seca, quase abrupta, sem grandiosidade.
Orquestração:
A orquestra é relativamente pequena, mas usada com imenso cuidado. A percussão tem papel destacado (tímpanos, tam-tam), criando efeitos dramáticos e contrastes.
Contexto:
Shostakovitch o escreveu em seu aniversário de 60 anos, já doente e refletindo sobre sua vida. A peça tem um ar de despedida, com menos brilho externo e mais densidade interior. Oistrakh, que o estreou em Moscovo, considerava-o uma obra-prima.
Caráter interpretativo:
É uma obra de grande profundidade psicológica. O violinista precisa equilibrar o virtuosismo técnico com uma expressividade contida, quase como se fosse um monólogo íntimo diante de um silêncio pesado.
Shostakovich resolveu escrever algo bem complicado e difícil para que Oistrakh passasse o maior trabalho. E fez este Concerto Nº 2. É complicado até de ouvir, não obstante a curiosidade dos “intensos diálogos” e repetições que o violino faz com insrumentos da orquestra.
.O Concerto para Piano, Op. 38 de Samuel Barber é uma das obras mais importantes do repertório americano para piano e orquestra do século XX.
Aqui estão os pontos essenciais:
Composição e Estreia:
Foi escrito em 1960–1962 a pedido da G. Schirmer (editora de Barber) para celebrar o seu centenário.
Barber dedicou a obra a John Browning, jovem pianista norte-americano, que a estreou a 24 de setembro de 1962 no Lincoln Center de Nova Iorque, com a Boston Symphony Orchestra dirigida por Erich Leinsdorf.
A obra foi muito bem recebida e valeu a Barber o Prémio Pulitzer de Música em 1963.
Estrutura: o concerto tem três movimentos e dura cerca de 25 minutos.
Allegro appassionato – vigoroso, intenso, marcado por contrastes rítmicos e harmonia rica, combinando energia quase “percussiva” no piano com um lirismo típico de Barber.
Canzone (Molto adagio) – o movimento mais lírico e introspectivo, muitas vezes descrito como “cantável”. É uma das grandes melodias de Barber, lembrando o estilo do seu célebre Adagio for Strings, mas mais intimista.
Allegro molto – final virtuosístico, rítmico e implacável. O piano brilha com passagens rápidas e exigentes, enquanto a orquestra mantém um caráter exuberante e quase dançante, terminando com grande força.
Estilo:
Apesar de ser escrito já nos anos 60, Barber manteve-se fiel ao seu idioma tonal expandido, com harmonias modernas mas acessíveis.
A obra mistura tradição romântica (Rachmaninoff, Prokofiev) com uma clareza e energia tipicamente americanas.
O resultado é um concerto de brilho pianístico e profundidade emocional, mas sem abandonar o lirismo melódico característico de Barber.
Receção e Importância:
Tornou-se uma das obras de concerto mais representativas da música americana.
Foi gravado várias vezes, mas a estreia com John Browning é histórica — Browning tornou-se o grande intérprete do concerto.
..O Concerto para Violoncelo n.º 2 em sol maior, Op. 126, de Dmitri Shostakovich, é uma das últimas grandes obras do compositor, escrito em 1966.
Aqui estão alguns pontos-chave:
Dedicação: Tal como o Concerto n.º 1, foi dedicado ao lendário violoncelista Mstislav Rostropovich, que também o estreou em Moscovo em 25 de setembro de 1966, com Evgeny Svetlanov a dirigir a Orquestra Filarmónica da União Soviética.
Contexto: Diferente do Concerto n.º 1, que é brilhante, quase virtuosístico e heroico, o Concerto n.º 2 é mais sombrio, introspectivo e com uma linguagem musical mais austera, típica do Shostakovich tardio.
Estrutura:
Largo – um início meditativo, com atmosfera melancólica, sem pressa; o violoncelo canta longas linhas líricas.
Scherzo (Allegretto) – irónico, quase grotesco, baseado numa canção popular de Odessa, trazendo contraste e humor ácido.
Finale (Allegretto – Allegretto – Adagio) – começa com energia, alterna episódios mais leves e dançantes com momentos sombrios, até terminar de forma surpreendente, num pianíssimo enigmático.
Caráter: A obra é menos “concerto de bravura” e mais uma meditação dramática, com diálogos íntimos entre solista e orquestra. Rostropovich dizia que este concerto “fala mais da alma do que das mãos”, ou seja, exige mais profundidade expressiva que virtuosismo técnico.
Importância: É considerado uma das obras-primas do repertório para violoncelo do século XX, embora menos tocado que o Concerto n.º 1. Reflete muito do universo tardio de Shostakovich: ambiguidade entre lirismo e ironia, sombra e resistência.
Às vezes, o concerto é listado como estando na tonalidade de sol, mas a partitura não dá essa indicação. Junto com o Décimo Primeiro Quarteto de Cordas , o Prefácio às Obras Completas e os Sete Romances sobre Textos de Alexander Blok, o Segundo Concerto para Violoncelo assinalou o início do estilo tardio de Shostakovich.
A Sonata para piano n.º 12 em lá bemol maior, Op. 26 de Ludwig van Beethoven (composta entre 1800 e 1801, publicada em 1802) é uma das peças mais singulares do compositor dentro do género, justamente porque rompe com a forma tradicional das sonatas da época.
Estrutura incomum
Ao contrário da norma, a sonata não começa com um Allegro em forma-sonata, mas sim com um tema e variações.
Os quatro andamentos são:
Andante con variazioni – Tema lírico em lá bemol maior com cinco variações. É meditativo e íntimo, dando ao início uma atmosfera quase de improvisação.
Scherzo: Allegro molto – Breve, leve e rítmico, contrastando com a solenidade do primeiro andamento.
Marcia funebre sulla morte d’un Eroe – O célebre andamento fúnebre em lá bemol menor. Tornou-se extremamente conhecido, chegando a ser executado no funeral de Beethoven em 1827.
Allegro – Um final em rondó-sonata, ágil e de caráter luminoso, quase como um alívio após a densidade da marcha fúnebre.
Características marcantes
Inovação formal: Beethoven experimenta bastante aqui, testando uma sequência de movimentos pouco convencional, o que influenciaria futuras sonatas.
Caráter expressivo: A alternância entre variações líricas, scherzo brincalhão, marcha fúnebre dramática e finale leve dá ao conjunto uma riqueza emocional rara.
Marcia funebre: Este terceiro andamento ganhou vida própria, sendo frequentemente tocado separadamente, dada a sua força expressiva.
Importância
A Sonata Op. 26 foi muito admirada na época: Chopin, por exemplo, terá se inspirado no 3.º andamento para a sua própria Sonata n.º 2 em si bemol menor, Op. 35, que também contém uma marcha fúnebre célebre.
Mostra um Beethoven ainda no chamado "período inicial", mas já claramente a romper convenções clássicas e a abrir espaço para novas formas de expressão que dominariam o seu "período médio".