segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Handel-Concerto Grosso nº1 em si op.6 HMV 319

..O Concerto Grosso n.º 1 em Si bemol maior, Op. 6, HWV 319 de Georg Friedrich Handel faz parte de um conjunto de doze concerti grossi que o compositor publicou em Londres, em 1739. Esse ciclo é conhecido como Concerti Grossi, Opus 6 e é considerado uma das obras-primas de Handel no gênero instrumental.

Aqui vão alguns pontos principais:

  • 📅 Composição e publicação: Handel escreveu esses concertos em apenas cerca de um mês (setembro-outubro de 1739). Foram publicados em Londres no mesmo ano, pela editora Walsh.

  • 🎼 Forma: O Concerto Grosso n.º 1 segue o modelo do concerto grosso à la Corelli — isto é, contraste entre o concertino (pequeno grupo solista, geralmente dois violinos e violoncelo) e o ripieno (orquestra completa).

  • 🎵 Estrutura dos movimentos:

    1. A tempo giusto (grave e solene, estilo francês de abertura)

    2. Allegro (vivaz, com passagens fugadas)

    3. Adagio (lírico e expressivo)

    4. Allegro (dançante, cheio de energia)

  • 🎻 Estilo: O concerto mostra a fusão do estilo italiano (Corelli, Vivaldi) com elementos franceses e ingleses. Handel usa contraponto rigoroso, mas também melodias muito cantáveis.

  • Importância: O Op. 6 de Handel é frequentemente comparado aos Concerti Grossi, Op. 6 de Corelli (que eram referência absoluta no gênero). Handel, no entanto, dá um caráter mais dramático e variado, refletindo sua experiência com óperas e oratórios.

 

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Shostakovitch-Violino Concerto nº2 em dó sustenido menor op. 129

O Concerto para Violino nº 2 em dó sustenido menor, op. 129, de Dmitri Shostakovitch, é uma das últimas grandes obras concertantes dele, escrito em 1967 para o violinista David Oistrakh (a quem também dedicara o Concerto nº 1). É uma peça de maturidade, muito mais contida e sombria que o nº 1, e considerada difícil, tanto técnica como musicalmente.

Foi a 26 de Setembro em 1967 que Shostakovich estreou este   Violino Concerto nº2  sendo solista ( não posia deixar de ser) David Oistrakh e  Kiril Kondrashin o condutor A frente da Moscow Philharmonic.


Alguns pontos marcantes:

  • Caráter geral:
    Diferente da energia explosiva e quase sarcástica do Concerto nº 1, este tem um tom mais introspectivo, austero e sombrio. É um concerto de economia de gestos, mas com uma densidade expressiva impressionante.

  • Estrutura:

    • I. Moderato – Um primeiro movimento quase meditativo, cheio de longas linhas melódicas, contrastes súbitos e uma orquestração contida (mais camerística que sinfônica). O violino se move entre lirismo e dureza.

    • II. Adagio – O coração do concerto. Uma melodia lenta, melancólica, quase fúnebre, que vai sendo intensificada em clímax de grande força. É um dos movimentos mais líricos que Shostakovitch escreveu para violino.

    • III. Adagio – Allegro – O finale tem o formato de rondó com elementos de dança grotesca, cheio de ironia, ritmos cortantes e toques de humor negro típicos do compositor. Termina de maneira seca, quase abrupta, sem grandiosidade.

  • Orquestração:
    A orquestra é relativamente pequena, mas usada com imenso cuidado. A percussão tem papel destacado (tímpanos, tam-tam), criando efeitos dramáticos e contrastes.

  • Contexto:
    Shostakovitch o escreveu em seu aniversário de 60 anos, já doente e refletindo sobre sua vida. A peça tem um ar de despedida, com menos brilho externo e mais densidade interior. Oistrakh, que o estreou em Moscovo, considerava-o uma obra-prima.

  • Caráter interpretativo:
    É uma obra de grande profundidade psicológica. O violinista precisa equilibrar o virtuosismo técnico com uma expressividade contida, quase como se fosse um monólogo íntimo diante de um silêncio pesado.

Shostakovich resolveu escrever algo bem complicado e difícil para que Oistrakh passasse o maior trabalho. E fez este Concerto Nº 2. É complicado até de ouvir, não obstante a curiosidade dos “intensos diálogos” e repetições que o violino faz com insrumentos da orquestra.

 

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Samuel Barber-Piano Concerto Op.38

.Concerto para Piano, Op. 38 de Samuel Barber é uma das obras mais importantes do repertório americano para piano e orquestra do século XX.

Aqui estão os pontos essenciais:

  • Composição e Estreia:

    • Foi escrito em 1960–1962 a pedido da G. Schirmer (editora de Barber) para celebrar o seu centenário.

    • Barber dedicou a obra a John Browning, jovem pianista norte-americano, que a estreou a 24 de setembro de 1962 no Lincoln Center de Nova Iorque, com a Boston Symphony Orchestra dirigida por Erich Leinsdorf.

    • A obra foi muito bem recebida e valeu a Barber o Prémio Pulitzer de Música em 1963.

  • Estrutura: o concerto tem três movimentos e dura cerca de 25 minutos.

    1. Allegro appassionato – vigoroso, intenso, marcado por contrastes rítmicos e harmonia rica, combinando energia quase “percussiva” no piano com um lirismo típico de Barber.

    2. Canzone (Molto adagio) – o movimento mais lírico e introspectivo, muitas vezes descrito como “cantável”. É uma das grandes melodias de Barber, lembrando o estilo do seu célebre Adagio for Strings, mas mais intimista.

    3. Allegro molto – final virtuosístico, rítmico e implacável. O piano brilha com passagens rápidas e exigentes, enquanto a orquestra mantém um caráter exuberante e quase dançante, terminando com grande força.

  • Estilo:

    • Apesar de ser escrito já nos anos 60, Barber manteve-se fiel ao seu idioma tonal expandido, com harmonias modernas mas acessíveis.

    • A obra mistura tradição romântica (Rachmaninoff, Prokofiev) com uma clareza e energia tipicamente americanas.

    • O resultado é um concerto de brilho pianístico e profundidade emocional, mas sem abandonar o lirismo melódico característico de Barber.

  • Receção e Importância:

    • Tornou-se uma das obras de concerto mais representativas da música americana.

    • Foi gravado várias vezes, mas a estreia com John Browning é histórica — Browning tornou-se o grande intérprete do concerto.

 

Shostakovitch-Cello Concerto Nº 2

..O Concerto para Violoncelo n.º 2 em sol maior, Op. 126, de Dmitri Shostakovich, é uma das últimas grandes obras do compositor, escrito em 1966


Aqui estão alguns pontos-chave:

  • Dedicação: Tal como o Concerto n.º 1, foi dedicado ao lendário violoncelista Mstislav Rostropovich, que também o estreou em Moscovo em 25 de setembro de 1966, com Evgeny Svetlanov a dirigir a Orquestra Filarmónica da União Soviética.

  • Contexto: Diferente do Concerto n.º 1, que é brilhante, quase virtuosístico e heroico, o Concerto n.º 2 é mais sombrio, introspectivo e com uma linguagem musical mais austera, típica do Shostakovich tardio.

  • Estrutura:

    1. Largo – um início meditativo, com atmosfera melancólica, sem pressa; o violoncelo canta longas linhas líricas.

    2. Scherzo (Allegretto) – irónico, quase grotesco, baseado numa canção popular de Odessa, trazendo contraste e humor ácido.

    3. Finale (Allegretto – Allegretto – Adagio) – começa com energia, alterna episódios mais leves e dançantes com momentos sombrios, até terminar de forma surpreendente, num pianíssimo enigmático.

  • Caráter: A obra é menos “concerto de bravura” e mais uma meditação dramática, com diálogos íntimos entre solista e orquestra. Rostropovich dizia que este concerto “fala mais da alma do que das mãos”, ou seja, exige mais profundidade expressiva que virtuosismo técnico.

  • Importância: É considerado uma das obras-primas do repertório para violoncelo do século XX, embora menos tocado que o Concerto n.º 1. Reflete muito do universo tardio de Shostakovich: ambiguidade entre lirismo e ironia, sombra e resistência.

  • Às vezes, o concerto é listado como estando na tonalidade de sol, mas a partitura não dá essa indicação. Junto com o Décimo Primeiro Quarteto de Cordas , o Prefácio às Obras Completas e os Sete Romances sobre Textos de Alexander Blok, o Segundo Concerto para Violoncelo assinalou o início do estilo tardio de Shostakovich.

 

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Beethoven-Sonata nº12 em lá bemol maior op.26

 A Sonata para piano n.º 12 em lá bemol maior, Op. 26 de Ludwig van Beethoven (composta entre 1800 e 1801, publicada em 1802) é uma das peças mais singulares do compositor dentro do género, justamente porque rompe com a forma tradicional das sonatas da época.

Estrutura incomum

  • Ao contrário da norma, a sonata não começa com um Allegro em forma-sonata, mas sim com um tema e variações.

  • Os quatro andamentos são:

    1. Andante con variazioni – Tema lírico em lá bemol maior com cinco variações. É meditativo e íntimo, dando ao início uma atmosfera quase de improvisação.

    2. Scherzo: Allegro molto – Breve, leve e rítmico, contrastando com a solenidade do primeiro andamento.

    3. Marcia funebre sulla morte d’un Eroe – O célebre andamento fúnebre em lá bemol menor. Tornou-se extremamente conhecido, chegando a ser executado no funeral de Beethoven em 1827.

    4. Allegro – Um final em rondó-sonata, ágil e de caráter luminoso, quase como um alívio após a densidade da marcha fúnebre.

Características marcantes

  • Inovação formal: Beethoven experimenta bastante aqui, testando uma sequência de movimentos pouco convencional, o que influenciaria futuras sonatas.

  • Caráter expressivo: A alternância entre variações líricas, scherzo brincalhão, marcha fúnebre dramática e finale leve dá ao conjunto uma riqueza emocional rara.

  • Marcia funebre: Este terceiro andamento ganhou vida própria, sendo frequentemente tocado separadamente, dada a sua força expressiva.

Importância

  • A Sonata Op. 26 foi muito admirada na época: Chopin, por exemplo, terá se inspirado no 3.º andamento para a sua própria Sonata n.º 2 em si bemol menor, Op. 35, que também contém uma marcha fúnebre célebre.

  • Mostra um Beethoven ainda no chamado "período inicial", mas já claramente a romper convenções clássicas e a abrir espaço para novas formas de expressão que dominariam o seu "período médio".